terça-feira, 29 de novembro de 2011

Planejamento e Avaliação da Aprendizagem – Aula II


Elementos do planejamento

Esta aula pretende levar o aluno a ser capaz de identificar os elementos que contemplam o planejamento e a relação entre os mesmos. Além disso, quer que o aluno compreenda o planejamento como instrumento de inclusão e de aprendizagem.

Prezados alunos, na aula anterior vimos os conceitos de planejamento, suas etapas e iniciamos o estudo dos elementos que compõem o mesmo. Damos continuidade apresentando o conteúdo; os procedimentos ou estratégias de ensino; os recursos ou meios de ensino e a avaliação.

Conteúdo

O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os objetos propostos, que foram previamente definidos. Não tem, portanto, um fim em si mesmo, mas é meio para o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos – cognitivo, afetivo, psicomotor.

Segundo Parra (1978, p. 37), a seleção dos conteúdos deve atender aos seguintes critérios:

• Significância: os conteúdos devem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos básicos que sejam imprescindíveis para as aprendizagens futuras dos alunos.
• Maturidade: devem ser adequados ao nível de desenvolvimento do aluno.
• Interesse: devem se relacionar com o propósito do aluno, com sua vivência, observando a praticidade do mesmo.
• Validade: devem ser válidos do ponto de vista científico e do conhecimento humano.

Procedimentos ou estratégias de ensino

São considerados procedimentos de ensino “as ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos”. (TURRA; ENCONE; SANTANNA; ANDRÉ, 1982).

O conceito de “procedimento” é o caminho para atingir um objetivo, é uma sequência de ações planejadas, para atingi-lo. O professor, ao executar sua aula, utiliza intencionalmente um conjunto de ações chamadas de procedimentos ou estratégias de ensino.

Os procedimentos de ensino devem contribuir para que o aluno não seja um mero expectador da aula, passivo diante dos conteúdos apresentados. Eles devem instigá-lo à participação e apresentar desafios, levando o aluno a observar, experimentar, propor hipóteses, comparar, analisar as informações, os conteúdos que lhes são propostos.

Creio ser conveniente mencionar a pesquisa realizada pelo professor Newton César Balzan com alunos do Ensino Médio de uma escola pública. Em resposta à pergunta “Como é uma aula ideal para você? tem-se que para os alunos a aula ideal é aquela “bem explicada, bem elaborada, bem dirigida, onde “o professor e o aluno participam ativamente das explicações.”

Para o autor da pesquisa, (...) “os alunos parecem solicitar apenas o mínimo: que os professores expliquem melhor os conteúdos”. Para isso faz-se necessário, por parte do professor, conhecer em profundidade a natureza do assunto que pretende que seus alunos conheçam, ou seja, é necessário ao professor o domínio seguro da matéria e bastante sensibilidade crítica. Caso contrário, caberá ao professor reproduzir os conteúdos dos livros didáticos e ao aluno decorá-los para reproduzi-los durante as provas.

A conclusão dessa pesquisa, elaborada pelo professor Balzan, encontra-se no artigo “A pesquisa em Didática: realidade e propostas”, publicado no livro de Vera Maria Candau, A Didática em questão.

Recursos ou meios de ensino

Meios de ensino são os recursos utilizados no ambiente escolar, pelo professor e pelo aluno, visando à organização, condução e facilitação do processo ensino e aprendizagem. 

Em seu livro Didática: a aula como centro (1997, p. 96),o professor Marcos Masetto faz as seguintes considerações acerca dos recursos de ensino:

• Ao centrar a construção do conhecimento somente sobre o livro didático, a escola cria um ambiente de aprendizagem parado no tempo, fora de contexto e desinteressante.
• O mundo tornou-se uma grande aldeia global. Os bens culturais, as diferentes expressões artísticas e os conhecimentos científicos, antes restritos a uma minoria privilegiada, podem agora ser compartilhados mais democraticamente.
• É necessário que a escola invista cada vez mais em equipamentos e no treinamento de seu pessoal.

Os recursos de ensino não são instrumentos de ilustração das aulas, devem sempre estar vinculados aos objetivos e conteúdos estudados.

Avaliação

Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi (1995), a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem, que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho, ou seja, possibilita fazer o diagnóstico da realidade, saber se os objetivos propostos foram alcançados e tomar decisões visando à melhoria do processo ensino e aprendizagem.

PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

 Nesse sentido, cabe ao professor:

• Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno.
• Selecionar e/ou elaborar instrumentos de avaliação.
• Propor situações de avaliação que possibilitem diagnosticar se o aluno realmente é capaz de utilizar os conceitos, conhecimentos adquiridos em situações novas.
• Registrar os dados da avaliação.
• Interpretar os resultados.
• Utilizar dados da avaliação no planejamento.
• Fazer uma avaliação da própria aula, com base no que foi planejado:

- os objetivos e conteúdos foram adequados?
- o aluno está aprendendo?
- por que os alunos sentem determinadas dificuldades?
- as estratégias precisariam ser modificadas?
- será que realmente o professor sabe como ensinar determinado tópico do curso?
- por que os alunos estão desinteressados no seu curso, nas suas aulas?

Diante do exposto, seguem algumas observações.

É imprescindível que o professor domine não apenas o conteúdo de seu campo específico, mas também a metodologia e a didática, o saber ensinar, eficientes na missão de possibilitar o acesso de todos os alunos ao conhecimento. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o planejamento esteja relacionado às realidades concretas dos alunos. Que seja discutido não apenas em sua dimensão técnica, mas, também, em sua dimensão política e ideológica.

Trabalhar no sentido de um planejamento do ensino numa perspectiva crítica da educação significa renunciar a fazer da seleção dos alunos pobres uma prática permanente da relação pedagógica.

É pensar de fato em uma escola verdadeiramente democrática, em que seja garantido não só o acesso e a permanência do aluno na escola, mas também um ensino de qualidade em que todos, ao passarem pela escola consigam elaborar o seu projeto individual de vida, desenvolvidos plenamente. Conforme afirma Freitas:

A democratização real da escola passa por um projeto que permita formar um cidadão envolvido com a construção de uma sociedade justa, entendendo-se por isso uma sociedade onde não exista a exploração do homem pelo homem (FREITAS, 1995, p.99).

É fundamental que o professor saiba ser o mediador no processo de ensino e aprendizagem. Sua função em sala de aula não pode se resumir apenas em passar informações, instruções formais, mas sim que ele consiga, através do planejamento, despertar nos alunos a curiosidade, desenvolver a autonomia, a criticidade, ensiná-los a serem participantes, atuantes, não só na escola, mas na vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário