Elementos do planejamento
Esta aula pretende levar o
aluno a ser capaz de identificar os elementos que contemplam o planejamento e a
relação entre os mesmos. Além disso, quer que o aluno compreenda o planejamento
como instrumento de inclusão e de aprendizagem.
Prezados alunos, na aula anterior vimos os conceitos de
planejamento, suas etapas e iniciamos o estudo dos elementos que compõem o
mesmo. Damos continuidade apresentando o conteúdo; os procedimentos ou
estratégias de ensino; os recursos ou meios de ensino e a avaliação.
Conteúdo
O conteúdo é um instrumento básico para poder atingir os
objetos propostos, que foram previamente definidos. Não tem, portanto, um fim
em si mesmo, mas é meio para o desenvolvimento do educando em todos os seus
aspectos – cognitivo, afetivo, psicomotor.
Segundo Parra (1978, p. 37), a seleção dos conteúdos deve
atender aos seguintes critérios:
•
Significância:
os conteúdos devem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem de
conceitos básicos que sejam imprescindíveis para as aprendizagens futuras dos
alunos.
•
Maturidade: devem
ser adequados ao nível de desenvolvimento do aluno.
•
Interesse: devem
se relacionar com o propósito do aluno, com sua vivência, observando a
praticidade do mesmo.
•
Validade: devem
ser válidos do ponto de vista científico e do conhecimento humano.
Procedimentos ou estratégias
de ensino
São considerados
procedimentos de ensino “as ações, processos ou comportamentos planejados pelo
professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou
fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos
previstos”. (TURRA; ENCONE; SANTANNA; ANDRÉ, 1982).
O conceito de “procedimento”
é o caminho para atingir um objetivo, é uma sequência de ações planejadas, para
atingi-lo. O professor, ao executar sua aula, utiliza intencionalmente um
conjunto de ações chamadas de procedimentos ou estratégias de ensino.
Os procedimentos de ensino
devem contribuir para que o aluno não seja um mero expectador da aula, passivo
diante dos conteúdos apresentados. Eles devem instigá-lo à participação e
apresentar desafios, levando o aluno a observar, experimentar, propor hipóteses,
comparar, analisar as informações, os conteúdos que lhes são propostos.
Creio ser conveniente mencionar a pesquisa
realizada pelo professor Newton César Balzan com alunos do Ensino Médio de uma
escola pública. Em resposta à pergunta “Como é uma aula ideal para você?
tem-se que para os alunos a aula ideal é aquela “bem explicada, bem
elaborada, bem dirigida, onde “o professor e o aluno participam
ativamente das explicações.”
Para o autor da pesquisa, (...) “os alunos parecem solicitar apenas o mínimo: que os
professores expliquem melhor os conteúdos”. Para isso faz-se
necessário, por parte do professor, conhecer em profundidade a natureza do
assunto que pretende que seus alunos conheçam, ou seja, é necessário ao
professor o domínio seguro da matéria e bastante sensibilidade crítica. Caso
contrário, caberá ao professor reproduzir
os conteúdos dos livros didáticos e ao aluno decorá-los para reproduzi-los durante as
provas.
A conclusão dessa pesquisa, elaborada pelo professor Balzan, encontra-se
no artigo “A
pesquisa em Didática: realidade e propostas”, publicado no livro de Vera
Maria Candau, A
Didática em questão.
Recursos ou meios de ensino
Meios de ensino são os recursos utilizados no
ambiente escolar, pelo professor e pelo aluno, visando à organização, condução
e facilitação do processo ensino e aprendizagem.
Em seu livro Didática: a aula como centro (1997, p. 96),o professor Marcos Masetto faz as seguintes considerações acerca dos recursos de ensino:
• Ao centrar a construção do conhecimento somente
sobre o livro didático, a escola cria um ambiente de aprendizagem parado no
tempo, fora de contexto e desinteressante.
• O mundo tornou-se uma grande aldeia global. Os
bens culturais, as diferentes expressões artísticas e os conhecimentos
científicos, antes restritos a uma minoria privilegiada, podem agora ser
compartilhados mais democraticamente.
• É necessário que a escola invista cada vez mais
em equipamentos e no treinamento de seu pessoal.
Os recursos de ensino não são instrumentos de
ilustração das aulas, devem sempre estar vinculados aos objetivos e conteúdos
estudados.
Avaliação
Segundo
o professor Cipriano Carlos Luckesi (1995), a avaliação é uma apreciação
qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem, que
auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho, ou seja, possibilita
fazer o diagnóstico da realidade, saber se os objetivos propostos foram
alcançados e tomar decisões visando à melhoria do processo ensino e aprendizagem.
PLANEJAMENTO
E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Nesse sentido, cabe ao professor:
• Avaliar continuamente o
desenvolvimento do aluno.
• Selecionar e/ou elaborar
instrumentos de avaliação.
• Propor situações de
avaliação que possibilitem diagnosticar se o aluno realmente é capaz de
utilizar os conceitos, conhecimentos adquiridos em situações novas.
• Registrar os dados da
avaliação.
• Interpretar os resultados.
• Utilizar dados da
avaliação no planejamento.
• Fazer uma avaliação da
própria aula, com base no que foi planejado:
- os objetivos e conteúdos foram adequados?
- o aluno está aprendendo?
- por que os alunos sentem determinadas
dificuldades?
- as estratégias precisariam ser modificadas?
- será que realmente o
professor sabe como ensinar determinado tópico do curso?
- por que os alunos estão
desinteressados no seu curso, nas suas aulas?
Diante do exposto, seguem algumas observações.
É imprescindível que o professor domine não apenas
o conteúdo de seu campo específico, mas também a metodologia e a didática, o
saber ensinar, eficientes na missão de possibilitar o acesso de todos os alunos
ao conhecimento. Para que isso ocorra, faz-se necessário que o planejamento
esteja relacionado às realidades concretas dos alunos. Que seja discutido não
apenas em sua dimensão técnica, mas, também, em sua dimensão política e
ideológica.
Trabalhar no sentido de um planejamento do ensino
numa perspectiva crítica da educação significa renunciar a fazer da seleção dos
alunos pobres uma prática permanente da relação pedagógica.
É pensar de fato em uma escola verdadeiramente democrática,
em que seja garantido não só o acesso e a permanência do aluno na escola, mas
também um ensino de qualidade em que todos, ao passarem pela escola consigam
elaborar o seu projeto individual de vida, desenvolvidos plenamente. Conforme
afirma Freitas:
A democratização real da
escola passa por um projeto que permita formar um cidadão envolvido com a
construção de uma sociedade justa, entendendo-se por isso uma sociedade onde
não exista a exploração do homem pelo homem (FREITAS, 1995, p.99).
É
fundamental que o professor saiba ser o mediador no processo de ensino e
aprendizagem. Sua função em sala de aula não pode se resumir apenas em passar
informações, instruções formais, mas sim que ele consiga, através do
planejamento, despertar nos alunos a curiosidade, desenvolver a autonomia, a
criticidade, ensiná-los a serem participantes, atuantes, não só na escola, mas
na vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário