sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tecnologia Aplicada ao Ensino – Aula IX



O que é sequência didática?

Nesta aula definiremos sequência didática e apresentaremos uma proposta de trabalho com sequência didática e ficha de auto-avaliação

Planejar os conteúdos e ações é importante para o sucesso de qualquer aula, seja presencial ou a distância. Dessa forma, nossa proposta agora é conhecer e propor um trabalho com a sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2001) para organização e planejamento dos conteúdos na EaD. Podemos pensar em sequência didática para todo o conteúdo do curso de uma determinada disciplina, ou de um determinado conteúdo da disciplina. Apresentaremos, a princípio, a sequência didática para todo o conjunto de conteúdos de um curso, depois para um conteúdo específico da disciplina, a construção de um blog, por exemplo.


Para Cervera (2008), a situação de comunicação na EaD requer uma adaptação, assim como nos adaptamos a qualquer outra situação de comunicação: ao escrevermos uma carta, ao descrevermos um fato, ao argumentarmos sobre um assunto. Pensar no ensino a partir de uma sequência didática é concentrar esforços no sentido de estabelecer metas e percursos para atingir o objetivo da aprendizagem, seja no âmbito presencial ou no virtual.


Originalmente a sequência didática volta-se para o ensino-aprendizagem de um gênero textual, nesta aula ampliamos seu uso e propomos que a sequência didática (SD) seja empregada para organização e planejamento dos conteúdos dentro do ambiente virtual. Para Dolz e Schneuwly (2001: 97) “seqüência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. A SD tem a finalidade de ajudar os alunos a dominar melhor um gênero de texto que se queira ensinar ou um conteúdo a ser aprendido, ou um percurso didático a ser estabelecido, o que vai permitir a todos os envolvidos, professores e alunos, conhecerem previamente o que será trabalhado e como. Segundo Cervera (2008), a estrutura da SD, para a realização de uma tarefa, elaboração de um gênero, carta ao leitor, por exemplo, é constituída por três etapas inter-relacionadas:


• na primeira, há produção de textos pelos alunos com o objetivo de serem avaliadas as capacidades iniciais e identificados os problemas. 


• na segunda, são desenvolvidos módulos, nos quais os alunos desenvolvem atividades direcionadas para a apropriação das características fundamentais do gênero estudado ou da atividade.

• na terceira, há uma produção final, na qual os alunos avaliam e revisam suas produções iniciais, guiados por uma ficha de auto-avaliação, construída individual ou coletivamente durante os módulos. Dolz, Noverraz & Schneuwly (2001) esquematizam assim essa sequência:








Cervera (2008) explicita o quadro proposto pelos autores e observa inicialmente a:


Apresentação da situação. Nessa fase expõe-se ao aluno, de maneira pormenorizada, o projeto de comunicação oral ou escrita que será realizado na produção final. O aluno constrói a representação da situação de comunicação e da atividade de linguagem a desempenhar. Segundo os autores, é o momento mais importante do percurso do trabalho. Para os procedimentos da aplicação da SD deve-se atentar para dois enfoques.


O primeiro enfoque deve dar conta da apresentação de um problema de comunicação definido. O professor deve enfatizar junto aos alunos e de maneira explícita a situação de comunicação na qual eles deverão agir, qual o problema decorrente dessa comunicação, produzindo então um texto na modalidade oral ou escrita.  Nesse caso, orientações devem ser pontuais sobre qual o gênero que será abordado, carta ao leitor, por exemplo; a quem se dirige a produção; que forma assumirá a produção; quem participará da produção. As orientações do contexto de produção, ou seja, orientações para quem se dirige a produção, a forma de participação do aluno e outras já expostas, dão ao aluno base para que se tenha um ponto de partida claro: “Eu escrevo para quem?”, “Por que eu escrevo?”, “Qual é o meu papel?”. São tomadas de consciência importantes no momento da produção inicial. No contexto da EaD essa etapa pode estar relacionada ao fórum, às atividades propostas, enfim a toda a situação de comunicação que o professor proporá. Lembre-se de que as representações que os alunos têm sobre fórum ou mesmo toda a comunicação que ele desenvolverá no ambiente virtual é bem reduzida. Essa etapa é o momento de ampliar esses conhecimentos e instalar um novo modo de comunicação. 


O segundo enfoque é o dos Conteúdos. No momento da apresentação da situação, é importante que os alunos percebam a importância dos conteúdos e saibam, previamente, quais serão trabalhados. A fase inicial propicia fornecer aos alunos o quadro do projeto comunicativo que será realizado, de modo a tornar as atividades de aprendizagem significativas.


Ao desenvolver a produção inicial, os alunos elaboram uma primeira atividade proposta pelo professor. Essa atividade poderá revelar dificuldades iniciais sobre os conteúdos a serem trabalhados. Assim, a produção inicial tem papel de reguladora de toda a SD para os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (professor/alunos).

Os
módulos que se seguem a esse contato inicial objetivam trabalhar as dificuldades detectadas na primeira produção de atividade, resultando em propostas de atividades com foco em instrumentos para superá-las. As atividades são decompostas ao longo dos módulos de forma a abordarem separadamente os conteúdos mobilizados, objetivando melhorar uma determinada capacidade, necessária para o domínio da atividade proposta.

A produção de
atividade final tem a vantagem de levar os alunos a colocarem em prática, de maneira global, os conhecimentos e os procedimentos aprendidos, em função dos objetivos iniciais propostos.

Para a elaboração de uma sequência didática que se julgue eficiente no processo de ensino-aprendizagem, há necessidade de construir um
modelo didático das atividades que se queira trabalhar. O modelo didático das atividades guia as ações do professor tutor e evidencia o que pode ser “ensinável” por meio da sequência didática. O modelo é descritivo e apreende o fenômeno complexo que é a aprendizagem de uma atividade.

Esse modelo didático pode ser construído, pelo professor, e dependerá muito do conteúdo a ser trabalhado, a quem se destina, qual o nível do aluno, qual a linguagem a ser utilizada e tempo necessário para aplicação da sequência didática.

A produção da atividade final ou das atividades finais, a depender do que o professor tenha planejado, seguirá uma ficha de auto-avaliação onde o aluno poderá acompanhar e avaliar seu próprio desempenho. Essa ficha poderá ser construída pelo professor, objetivando o conteúdo explorado e os objetivos iniciais do professor com esses conteúdos.

Modelo didático de uma sequência didática (exemplo):

Produção de um diário de pesquisa

Objetivos

• Iniciar um diário de pesquisa para registro de leituras em torno de um determinado assunto.

Conteúdos

• Compreensão e produção escrita.
• Emprego das normas da ABNT.
• Pesquisa acadêmica utilizando a internet.
• Conhecimento de uso de elementos gráficos e outros instrumentos da internet.

Público alvo

• Ensino médio e alunos de graduação.

Tempo estimado

8 aulas

Material necessário

Computador com internet

Desenvolvimento

Apresentação da situação

Apresentar blogs de pesquisa e falar sobre a importância do desenvolvimento de um diário de pesquisa. Para isso, deve-se utilizar o blog como local de discussão do tema escolhido para desenvolvimento de trabalhos de pesquisa e armazenamento de reflexões pessoais das leituras realizadas. Volte à aula 1 se ainda tem dúvidas sobre o uso de blogs.

1º módulo

Para apresentar o gênero blog, elabore com os alunos uma lista de possíveis benefícios de se ter um diário de pesquisa num blog. Discuta com eles o que é um blog e se eles têm ou se já viram e se já participaram de um. Enfatize que o blog serve, além de armazenamento de estudos e leituras, como compartilhamento de estudos. Estabeleça com os alunos, os principais conteúdos que viram em pesquisas em blogs criados. Compare, ressalte e registre ideias que viram utilizadas por outras pessoas. Levante as diferenças entre blog de pesquisa e blog pessoal.

2º módulo

Apresente e discuta os diversos sites que hospedam gratuitamente um blog e reflitam sobre as precauções necessárias de se ter um blog gratuito, ou seja, pode ser que ele seja apagado pelo provedor sem prévio aviso. Esse é o problema de postar em blogs gratuitos. Consulte o Guia seguro para o uso da internet que apresentamos abaixo a seguir.

3º módulo

Como orientação para construção de blogs, elabore um formulário para apresentar aos alunos, em que são descritos os principais itens que o blog deve conter. O professor deve orientar sobre a linguagem a ser utilizada, a correção gramatical para que a ortografia não deponha de forma negativa sobre o autor do blog. Cuidar da imagem no blog é importante. Já vimos isso na aula 1.

4º módulo

Escolha um tema de pesquisa ou deixe que os alunos escolham. O professor deve apresentar formas seguras e acadêmicas de se fazer pesquisa. Ao longo de nossas aulas, temos dado vários caminhos eletrônicos para fazer pesquisas na web.

5º módulo

Publicação dos blogs e exposição para os colegas.

Avaliação

O professor poderá avaliar os conteúdos, a forma de abordagem dos conteúdos pelos alunos, a consistência das pesquisas, a discussão feita e os registros das leituras, por exemplo, se os alunos empregaram as normas da ABNT para citações diretas ou indiretas, se fizeram as referências bibliográficas segundo as normas da ABNT, já discutidas em outra aula. Avaliar a criatividade, o emprego dos recursos da internet.

Ficha de auto-avaliação

Essa ficha de auto-avaliação é para o aluno refletir sobre a construção de seu blog:

1. O blog está adequado aos objetivos propostos inicialmente, um diário de pesquisa?

2. O texto construído está adequado aos possíveis destinatários, aqueles que irão acessar o blog e que tenham os mesmos interesses de estudo?

3. O texto e layout do blog transmitem a imagem que quero passar de mim mesmo? (Procurei passar a imagem de que li e compreendi adequadamente o texto original, que soube me posicionar em relação a ele de forma crítica?)

4. Utilizei, adequadamente, as normas da ABNT para citar os autores que li?

5. Consegui interpretar adequadamente as informações do autor do texto original que procurei trabalhar no meu diário de leituras?

6. Abordei adequadamente os dados do autor do texto? Fiz referências bibliográficas de maneira correta?

7. Conheço o autor em relação ao assunto e a área em que escreve?

8. Tenho compreensão clara sobre o plano global que adotei para o meu blog?

9. Minha linguagem é polida em meu blog?

10. Variei a minha escolha linguística, ou seja, utilizei diferentes verbos, adjetivos para expressar minha opinião sobre o texto lido?

11. Apresentei erros ortográficos, erros de pontuação e de digitação?

Acrescente outras questões, dependendo do objeto a ser avaliado.

(Quadro adaptado de MACHADO, A. R. LOUSADA, E. ABREUTARDELLI, L. S. Resenha . São Paulo: Parábola, 2004.)

Para saber mais

Ferramentas da web: Skype (faça o download e confira as configurações mínimas em: skype.com/intl/pt/donwload/skype/windows).

Guia sobre uso seguro da internet em: <www.safernet.org.br/site/prevencao/cartilha/safer-dicas>.

Conteúdos digitais para todas as disciplinas em: <www.rived.mec.gov.br>
Como criar um blog?

Assista a um vídeo de como fazer um blog em: <http://www.youtube.com/watch?v=2V5a2m30n3A>


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