sábado, 10 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula I


Avaliação da aprendizagem: aspectos conceituais

Compreender a avaliação da aprendizagem como um instrumento de tomada de decisão, visando à melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Contrastar medida de avaliação da aprendizagem.
Prezado aluno, a videoaula “Avaliação da aprendizagem: desafios e possibilidades” apresentada a seguir, aborda os seguintes temas:

  • Conceito de avaliação.
  • Distinção entre examinar e avaliar.
  • O papel do erro no processo avaliativo.
  • Instrumentos de avaliação.

Objetivos:

  • Possibilitar ao aluno uma visão geral dos conteúdos contemplados nas aulas.
  • A partir dos temas abordados na videoaula, o aluno será capaz de familiarizar-se, compreender e buscar, com as leituras dos conteúdos, informações complementares e refletir acerca dos questionamentos e dos conceitos propostos.
  • Relacionar os temas da videoaula aos conteúdos das aulas apresentadas, voltados à compreensão e análise da importância da avaliação no controle da qualidade do processo ensino e aprendizagem.
Conceito de avaliação da aprendizagem

Com a intenção de elucidar o conceito de avaliação, uma definição do espanhol J. Gimeno Sacristan a cocebe em El curriculum: uma reflexión sobre la prática expressa o seguinte:

A avaliação em geral é a expressão de um juízo por parte do professor, que pressupõe uma tomada de decisão, por elementar que seja, e que se apóia em distintos tipos de evidências ou indícios, coletados através de algum procedimento técnico quando é uma avaliação formal, ou por mera observação informal.” (SACRISTAN, 1988, p. 377)

Nessa definição, percebe-se a existência de três momentos fundamentais no processo avaliativo:

  • A coleta de informações, o diagnóstico da realidade.
  • A expressão de um juízo de valor, ou seja, a qualificação da situação avaliada com base nos objetivos propostos.
  • A tomada de decisão do professor.
·       Tomar decisão a partir do diagnóstico significa rever estratégias, reorientar o processo ensino-aprendizagem, visando à correção das falhas cometidas.

·         Tem-se, então, que a avaliação não se caracteriza apenas por um procedimento de medida: a avaliação contempla a medida, mas nela não se encerra. É imprescindível, além da seleção dos instrumentos de avaliação, o diagnóstico, a tomada de decisão, a retroinformação e o favorecimento do desenvolvimento dos alunos, ou seja, o favorecimento do alcance dos objetivos propostos.

·      Segundo Luckesi (1995, p. 76) “no cotidiano escolar, a única decisão que se tem tomado sobre o aluno tem sido a de classificá-lo num determinado nível de aprendizagem, a partir de menções”, ou seja, somente para classificar o aluno em aprovado ou reprovado.
·         Visando a caracterizar essa situação, o autor a ilustra do seguinte modo:
                                                   
Vamos exemplificar com a avaliação que um médico faz do seu paciente. O cliente de um médico (...) vai ao consultório sentindo dores torácicas e com febre. O médico faz alguns exames preliminares e constata que o sujeito está com pneumonia. Então, toma sua ficha, faz anotações sobre o nome, idade, endereço do cliente e acrescenta observações sobre o seu estado de saúde. A seguir, despede-se do cliente, dizendo-lhe que volte quinze dias depois. O cliente foi classificado como portador de pneumonia e, a seguir, foi-lhe pedido que continuasse como estava. Certamente vai morrer. Foi classificado, mas não tomou nenhuma decisão sobre o que fazer com ele.” (LUCKESI, 1995, p. 77)

As considerações do autor nos esclarecem para a não redução da avaliação como constatação dos erros, que na prática escolar tem sido visto como culpa do aluno, sendo, portanto, passível de punição, de crítica, de castigos.

Ao classificarmos o aluno como bom, ótimo ou ruim, estamos reificando sua aprendizagem, apenas rotulando-o, tornando o processo de aprendizagem, que é dinâmico, em um ato estático, conforme o médico fez com seu paciente.

Não cabe, nesse caso, procurar culpados se a aprendizagem não aconteceu. Faz-se necessário buscar as causas, identificar onde as perdas aconteceram, quais as dificuldades de aprendizagem os alunos apresentam e agir, visando a solucioná-las.

Só assim a avaliação cumprirá sua função, considerando, para isso, as etapas que serão apresentadas:
  1. ·         Definição dos objetivos.
  2. ·         Seleção dos instrumentos adequados aos objetivos propostos.
  3. ·         Diagnóstico – constatação e qualificação da realidade.
  4. ·         Tomada de decisão.

 Características da avaliação

  • Questionar o que é preciso manter e o que é preciso ser modificado na nossa ação pedagógica.
  •  Avaliar é não se mostrar indiferente, “tanto faz”, é uma atitude crítica; é não se contentar com a manifestação; avaliar não se encerra com a constatação dos erros.
  • É preciso que os critérios sejam explicitados, claros. Não podem ser arbitrariamente definidos.
  •  É um processo, não apenas produto. Recolhe dados que possam ser indicadores da apropriação do conhecimento pelo aluno.
  • Avaliar não é classificar, comparar, julgar, mas agir sobre o objeto avaliado. Avaliar significa acompanhar o processo de construção do conhecimento e de formação moral dos educandos.

Avaliar o quê?
  • A apropriação de conteúdos relevantes (conceituais, atitudinais).
  • O desenvolvimento de competências (a competência é a capacidade de mobilizar recursos cognitivos para resolver uma situação complexa).

 Como avaliar?
  • ·         Respeitando as características cognitivas dos alunos.
  • ·         Utilizando linguagem clara e precisa.
  • ·         Incentivando a manifestação de valores éticos e políticos.

Referência

FREITAS, Luiz Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
_________. A internalização da exclusão. Educação e Sociedade, v. 23, nº 80, set. 2002.
_________. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção Cotidiano Escolar).
GANDIM, Danilo. Planejamento como prática educativa. São Paulo: Loylola, 1985.
_____________. Algumas idéias sobre avaliação. Revista de Educação AEC, Brasília, DF, nº 97, out. / dez. 1995.
GIMENO, S. J. El curriculum: uma reflexión sobre la práctica. Madri: Morata, 1988.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudo e proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
SOUZA, Sandra M. Zákia L. Avaliação da aprendizagem na escola de 1º Grau: legislação, teoria e prática. São Paulo: Universidade Católica de São Paulo (Dissertação de Mestrado), 1986.

______________________. Avaliação da aprendizagem: uma análise de pesquisas produzidas no Brasil, no período de 1980 a 1990. In: Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo: janeiro/junho, 1994.

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