segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula III


Avaliação da aprendizagem – Uma das categorias do planejamento

Compreender o conceito de planejamento, bem como sua importância para a eficácia do processo de ensino-aprendizagem; identificar os elementos que o compõem e a relação entre eles.

Considerando que a avaliação não tem um fim em si mesmo e sim uma função subsidiária no processo de ensino e aprendizagem, é necessário compreendê-la em um contexto mais amplo, ou seja, identificar a relação entre a avaliação e os demais elementos que contemplam o planejamento.

Nesse contexto, compreender o planejamento como instrumento de inclusão, de aprendizagem.

Visando ao alcance das intenções acima expostas, serão apresentadas as seguintes categorias do planejamento:
  • Conteúdo
É um instrumento básico para poder atingir os objetos propostos, que foram previamente definidos. Não tem, portanto, um fim em si mesmo, mas são meios para o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos – cognitivo, afetivo, psicomotor.

Segundo PARRA (1978, p. 37), a seleção dos conteúdos deve atender aos seguintes critérios:

- Significância: os conteúdos devem contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos básicos, que sejam imprescindíveis para as aprendizagens futuras dos alunos.

- Maturidade: devem ser adequados ao nível de desenvolvimento do aluno.

- Interesse: devem relacionar-se com o propósito do aluno, com sua vivência, observando a praticidade dele.

- Validade: devem ser válidos do ponto de vista científico e do conhecimento humano.

  • Procedimentos ou estratégias de ensino
São considerados procedimentos de ensino “as ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos”. (TURRA, Planejamento de ensino e avaliação, p. 126)

O conceito de “procedimento” é o caminho para atingir um objetivo, é uma sequência de ações planejadas para atingi-lo. O professor, ao executar sua aula, utiliza intencionalmente um conjunto de ações que é chamado de procedimentos ou estratégias de ensino.

Os procedimentos de ensino devem contribuir para que o aluno não seja um mero expectador da aula, passivo diante dos conteúdos apresentados, mas sim instigá-lo à participação, apresentar desafios, observando, experimentando, propondo hipóteses, comparando, analisando as informações e os conteúdos que lhes são propostos.

Acreditamos ser conveniente mencionar a pesquisa realizada pelo professor Newton César Balzan com alunos do Ensino Médio de uma escola pública. Em resposta à pergunta: “Como é uma aula ideal para você?” Como resposta tem-se que para os alunos a aula ideal é aquela “bem explicada, bem elaborada, bem dirigida, em que o professor e o aluno participam ativamente das explicações.

Para o autor da pesquisa (...) “os alunos parecem solicitar apenas o mínimo: que os professores expliquem melhor os conteúdos”. Para isso faz-se necessário, por parte do professor, conhecer em profundidade a natureza do assunto que pretende que seus alunos conheçam, ou seja, é necessário ao professor o domínio seguro da matéria e bastante sensibilidade crítica. Caso contrário, caberá ao professor, reproduzir os conteúdos dos livros didáticos e ao aluno, decorá-los para reproduzi-los durante as provas.
  • Recursos ou meios de ensino
Meio de ensino são os recursos utilizados no ambiente escolar pelo professor e pelo aluno, visando à organização, condução e facilitação do processo ensino-aprendizagem.

Em seu livro: Didática: a aula como centro (1997, p. 96), o professor Marcos Masetto faz as seguintes considerações acerca dos recursos de ensino:

- Ao centrar a construção do conhecimento somente sobre o livro didático, a escola cria um ambiente, de aprendizagem parado no tempo, fora de contexto e desinteressante.

- O mundo tornou-se uma grande aldeia global. Os bens culturais, as diferentes expressões artísticas e os conhecimentos científicos, antes restritos a uma minoria privilegiada, podem agora ser compartilhados mais democraticamente.

- É necessário que a escola invista cada vez mais em equipamentos e no treinamento de seu pessoal. Os recursos de ensino não são instrumentos de ilustração das aulas, devem sempre estar vinculados aos objetivos e conteúdos estudados.
  • Avaliação
Segundo o professor Cipriano Carlos Luckesi (1995), a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho, ou seja, possibilita fazer o diagnóstico da realidade, saber se os objetivos propostos foram alcançados e tomar decisões visando à melhoria do processo ensino-aprendizagem.

Sendo assim, cabe ao professor:

- Avaliar continuamente o desenvolvimento do aluno.

- Selecionar e/ou elaborar instrumentos de avaliação.

- Propor situações de avaliação que possibilitem diagnosticar se o aluno realmente é capaz de utilizar os conceitos, conhecimentos adquiridos em situações novas.

- Registrar os dados da avaliação.

- Interpretar os resultados.

- Utilizar dados da avaliação no planejamento.

- Fazer uma avaliação da própria aula, com base no que foi planejado:

- Os objetivos e conteúdos foram adequados?

- O aluno está aprendendo?

- Por que os alunos sentem determinadas dificuldades?

- As estratégias precisariam ser modificadas?

- Será que realmente o professor sabe como ensinar determinado tópico do curso?

- Por que os alunos estão desinteressados no seu curso, nas suas aulas?
  • Considerações finais
Diante do exposto, seguem algumas observações:

É imprescindível que o professor domine não apenas o conteúdo de seu campo específico, mas também a metodologia e a didática, o saber ensinar, eficientes na missão de possibilitar o acesso de todos os alunos ao conhecimento. Para que isso ocorra faz-se necessário que o planejamento se relacione com as realidades concretas dos alunos.

Que seja discutido e considerado não apenas em sua dimensão técnica, mas também na sua dimensão política e ideológica.

Trabalhar para um planejamento do ensino em uma perspectiva crítica da educação significa renunciar a fazer da seleção dos alunos pobres uma prática permanente da relação pedagógica.

É pensar de fato em uma escola verdadeiramente democrática, em que seja garantido não só o acesso e a permanência do aluno na escola, mas a garantia de um ensino de qualidade em que todos, ao passarem pela escola, consigam elaborar o seu projeto individual de vida, desenvolvidos plenamente. Conforme afirma Freitas:

A democratização real da escola passa por um projeto que permita formar um cidadão envolvido com a construção de uma sociedade justa, entendendo-se por isso uma sociedade onde não exista a exploração do homem pelo homem.”(FREITAS, 1995, p.99)

É fundamental que o professor saiba ser o mediador no processo de ensino e aprendizagem, sua função em sala de aula não pode se resumir apenas em passar informações, instruções formais, mas sim conseguir, por meio do planejamento, despertar nos alunos a curiosidade, desenvolver a autonomia, a criticidade, ensiná-los a serem participantes e atuantes não só na escola, mas na vida.


Saiba mais

Pesquisa: A conclusão dessa pesquisa, elaborada pelo professor Balzan, encontra-se no artigo “A pesquisa em Didática: realidade e propostas”, publicado no livro de Vera Maria Candau, A Didática em questão.


Referência

CANDAU, Vera Maria, org. A Didática em Questão. Petrópolis: Vozes, 1987.
CORDEIRO, Jaime. Didática. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
FREIRE, Paulo. O papel da educação na humanização. 9. ed. São Paulo: Revista Paz e Terra, 1969.
_________. Uma educação para a liberdade. Porto: Dinalivro, 1974.
FREITAS, Luiz Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995.
GANDIN, Danilo.  Planejamento com Prática Educativa. 15. ed. São Paulo: Loyola, 1983.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1995.
MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. 4. ed. São Paulo: FTD, 1997.
PARRA, Nélio (Coordenador).  Didática para a Escola de 1º e 2º Graus. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 1978.
PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23. ed. São Paulo: Ática, 2000.
TURRA, C.; ENCONE, D.; SANTANNA, F.; ANDRÉ, L. Planejamento de Ensino e Avaliação. Sagra, 1982.

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