Avaliação
da aprendizagem – Uma das categorias do planejamento
Compreender
o conceito de planejamento, bem como sua importância para a eficácia do
processo de ensino-aprendizagem; identificar os elementos que o compõem e a
relação entre eles.
Considerando que a avaliação não tem um fim em si
mesmo e sim uma função subsidiária no processo de ensino e aprendizagem, é
necessário compreendê-la em um contexto mais amplo, ou seja, identificar a
relação entre a avaliação e os demais elementos que contemplam o planejamento.
Nesse contexto, compreender o planejamento como
instrumento de inclusão, de aprendizagem.
Visando ao alcance das intenções acima expostas,
serão apresentadas as seguintes categorias do planejamento:
- Conteúdo
É um instrumento básico para
poder atingir os objetos propostos, que foram previamente definidos. Não tem,
portanto, um fim em si mesmo, mas são meios para o desenvolvimento do educando
em todos os seus aspectos – cognitivo, afetivo, psicomotor.
Segundo PARRA (1978, p. 37), a
seleção dos conteúdos deve atender aos seguintes critérios:
- Significância: os conteúdos devem contribuir
para o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos básicos, que sejam
imprescindíveis para as aprendizagens futuras dos alunos.
- Maturidade: devem ser adequados ao nível de
desenvolvimento do aluno.
- Interesse: devem relacionar-se com o
propósito do aluno, com sua vivência, observando a praticidade dele.
- Validade: devem ser válidos do ponto de
vista científico e do conhecimento humano.
- Procedimentos
ou estratégias de ensino
São considerados procedimentos de
ensino “as ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para
colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes
possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos”. (TURRA,
Planejamento de ensino e avaliação, p. 126)
O conceito de “procedimento” é o
caminho para atingir um objetivo, é uma sequência de ações planejadas para
atingi-lo. O professor, ao executar sua aula, utiliza intencionalmente um
conjunto de ações que é chamado de procedimentos ou estratégias de ensino.
Os procedimentos de ensino devem
contribuir para que o aluno não seja um mero expectador da aula, passivo diante
dos conteúdos apresentados, mas sim instigá-lo à participação, apresentar
desafios, observando, experimentando, propondo hipóteses, comparando,
analisando as informações e os conteúdos que lhes são propostos.
Acreditamos ser conveniente
mencionar a pesquisa realizada pelo professor Newton César Balzan com alunos do
Ensino Médio de uma escola pública. Em resposta à pergunta: “Como é uma aula
ideal para você?” Como resposta tem-se que para os alunos a aula ideal é aquela
“bem explicada, bem elaborada, bem dirigida, em que o professor e o aluno
participam ativamente das explicações.”
Para o autor da pesquisa (...)
“os alunos parecem solicitar apenas o mínimo: que os professores expliquem
melhor os conteúdos”. Para isso faz-se necessário, por parte do professor,
conhecer em profundidade a natureza do assunto que pretende que seus alunos
conheçam, ou seja, é necessário ao professor o domínio seguro da matéria e
bastante sensibilidade crítica. Caso contrário, caberá ao professor, reproduzir
os conteúdos dos livros didáticos e ao aluno, decorá-los para reproduzi-los
durante as provas.
- Recursos
ou meios de ensino
Meio de ensino são os recursos
utilizados no ambiente escolar pelo professor e pelo aluno, visando à
organização, condução e facilitação do processo ensino-aprendizagem.
Em seu livro: Didática: a aula
como centro (1997, p. 96), o professor Marcos Masetto faz as seguintes
considerações acerca dos recursos de ensino:
- Ao centrar a construção do
conhecimento somente sobre o livro didático, a escola cria um ambiente, de
aprendizagem parado no tempo, fora de contexto e desinteressante.
- O mundo tornou-se uma grande
aldeia global. Os bens culturais, as diferentes expressões artísticas e os
conhecimentos científicos, antes restritos a uma minoria privilegiada, podem
agora ser compartilhados mais democraticamente.
- É necessário que a escola
invista cada vez mais em equipamentos e no treinamento de seu pessoal. Os
recursos de ensino não são instrumentos de ilustração das aulas, devem sempre
estar vinculados aos objetivos e conteúdos estudados.
- Avaliação
Segundo o professor Cipriano
Carlos Luckesi (1995), a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes
do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões
sobre o seu trabalho, ou seja, possibilita fazer o diagnóstico da realidade,
saber se os objetivos propostos foram alcançados e tomar decisões visando à
melhoria do processo ensino-aprendizagem.
Sendo assim, cabe ao professor:
- Avaliar continuamente o
desenvolvimento do aluno.
- Selecionar e/ou elaborar
instrumentos de avaliação.
- Propor situações de avaliação
que possibilitem diagnosticar se o aluno realmente é capaz de utilizar os
conceitos, conhecimentos adquiridos em situações novas.
- Registrar os dados da
avaliação.
- Interpretar os resultados.
- Utilizar dados da avaliação no
planejamento.
- Fazer uma avaliação da própria
aula, com base no que foi planejado:
- Os objetivos e conteúdos foram
adequados?
- O aluno está aprendendo?
- Por que os alunos sentem
determinadas dificuldades?
- As estratégias precisariam ser
modificadas?
- Será que realmente o professor
sabe como ensinar determinado tópico do curso?
- Por que os alunos estão
desinteressados no seu curso, nas suas aulas?
- Considerações
finais
Diante do exposto, seguem algumas
observações:
É imprescindível que o professor
domine não apenas o conteúdo de seu campo específico, mas também a metodologia
e a didática, o saber ensinar, eficientes na missão de possibilitar o acesso de
todos os alunos ao conhecimento. Para que isso ocorra faz-se necessário que o
planejamento se relacione com as realidades concretas dos alunos.
Que seja discutido e considerado
não apenas em sua dimensão técnica, mas também na sua dimensão política e
ideológica.
Trabalhar para um planejamento do
ensino em uma perspectiva crítica da educação significa renunciar a fazer da
seleção dos alunos pobres uma prática permanente da relação pedagógica.
É pensar de fato em uma escola
verdadeiramente democrática, em que seja garantido não só o acesso e a
permanência do aluno na escola, mas a garantia de um ensino de qualidade em que
todos, ao passarem pela escola, consigam elaborar o seu projeto individual de
vida, desenvolvidos plenamente. Conforme afirma Freitas:
“A democratização real da escola passa por um projeto que permita formar
um cidadão envolvido com a construção de uma sociedade justa, entendendo-se por
isso uma sociedade onde não exista a exploração do homem pelo homem.”(FREITAS,
1995, p.99)
É fundamental que o professor
saiba ser o mediador no processo de ensino e aprendizagem, sua função em sala
de aula não pode se resumir apenas em passar informações, instruções formais,
mas sim conseguir, por meio do planejamento, despertar nos alunos a curiosidade,
desenvolver a autonomia, a criticidade, ensiná-los a serem participantes e
atuantes não só na escola, mas na vida.
Saiba mais
Pesquisa: A conclusão dessa pesquisa,
elaborada pelo professor Balzan, encontra-se no artigo “A pesquisa em Didática:
realidade e propostas”, publicado no livro de Vera Maria Candau, A Didática em
questão.
Referência
CANDAU,
Vera Maria, org. A Didática
em Questão. Petrópolis: Vozes, 1987.
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ed. São Paulo: Contexto, 2007.
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HAIDT,
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Cortez, 1995.
MASETTO,
Marcos Tarciso. Didática: a
aula como centro. 4. ed. São Paulo: FTD, 1997.
PARRA,
Nélio (Coordenador). Didática
para a Escola de 1º e 2º Graus. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 1978.
PILETTI,
Claudino. Didática Geral. 23.
ed. São Paulo: Ática, 2000.
TURRA,
C.; ENCONE, D.; SANTANNA, F.; ANDRÉ, L. Planejamento
de Ensino e Avaliação. Sagra, 1982.
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