Instrumentos
de avaliação
Compreender
a função que os instrumentos de avaliação exercem no processo avaliativo;
concluir que a prova é instrumento importante da avaliação; estimar que os
instrumentos de avaliação exigem cuidados na sua elaboração, caso contrário, os
resultados alcançados não serão fidedignos.
Vimos que:
- A
avaliação é um processo contínuo e sistemático.
- A
avaliação não deve ser uma atividade de controle disciplinar, com o
objetivo de selecionar, excluir.
- O
que deve ser privilegiado é o processo vivido pelo aluno para chegar à
resposta, ao resultado apresentado, e não o produto final.
- A
avaliação é um instrumento imprescindível para o professor analisar sua
própria prática, compreendendo que sempre pode ser aperfeiçoada.
- A
nota não é o objetivo do ensino e da aprendizagem, a mesma traduz os
níveis de aproveitamento escolar, tendo como parâmetros os objetivos
propostos.
O processo de avaliação contempla instrumentos
diversificados, tais como:
- Prova
escrita dissertativa.
- Prova
escrita de questões objetivas.
- Questões
de certo ou errado.
- Questões
de lacunas (para completar).
- Questões
de múltipla escolha.
Características das provas
Tentaremos
esclarecer a importância da prova no diagnóstico da realidade do processo
educativo, compreendendo que o problema da avaliação não se encontra na
aplicação constante de provas, mas sim na utilização que os professores fazem dos
resultados obtidos por meio da aplicação delas. Sendo muitas vezes utilizados
somente para classificar os alunos em aprovados ou reprovados, sem que se tome
nenhuma decisão visando à melhoria ou soluções dos problemas observados.
LUCKESI
(1995) caracteriza essa situação por meio da avaliação que um médico faz do seu
paciente:
No
processo educativo, o professor que aplica uma prova e percebe que o aluno não
aprendeu aquilo que é relevante para o seu desenvolvimento para as aprendizagens
futuras e apenas o classifica em dois, zero e nada faz para corrigir as falhas
apresentadas, age da mesma forma que agiu o médico acima descrito: EXAMINA –
DIAGNOSTICA – CLASSIFICA – a avaliação não se processou de fato, visto que o
aluno, bem como o paciente descrito acima, continuam na mesma situação: não evoluíram, não avançaram, não
progrediram satisfatoriamente.
Para
MORETTO (2003) a prova não pode ser considerada como um “acerto de contas”, mas
sim percebida como um “momento privilegiado de aprendizagem”, servindo de
“termômetro” acerca do andamento do processo ensino e aprendizagem. Sinaliza
tanto para o aluno como para o professor, os avanços alcançados, as dúvidas
acerca dos conteúdos.
Moretto (2203), após estudos realizados, classifica
as provas como:
- Tradicionais
Na visão do autor, são as “que
dominam o processo de ensino nos dias de hoje”, a avaliação da aprendizagem é
percebida como um processo de reprodução em que o aluno devolve ao professor,
durante a avaliação, o que recebeu durante as aulas, de forma mecânica e
memorizada.
As provas caracterizadas como
tradicionais, ainda segundo MORETTO (2003), apresentam as seguintes
características:
- Exploração exagerada da
memorização: são questões que exigem, por parte do aluno, a memorização de
dados sem algum sentido, sem relação com a vida e com suas experiências
anteriores.
- A falta de parâmetros para a
correção: quando a questão não é clara, precisa, o aluno torna-se refém do
professor, vale o que o professor pensa. A preocupação do aluno é descobrir o
que “o professor quer com a questão” e não em responder à questão, visto que
ela não deixou claros os parâmetros a serem seguidos.
- Uso de palavras sem sentido
preciso no contexto: tais como: comente, como, dê sua opinião, o que você
sabe sobre..., quais, caracterize. Exemplo:
“Questão
(Filosofia da Educação – 1º ano do Magistério) Comente a frase de Sócrates:
conhece-te a ti mesmo.
Resposta de uma aluna:
‘Acho uma frase muito profunda, tão profunda que nem consigo captar seu real significado. Mas acho que Sócrates estava certo quando disse a frase, pois sendo um sábio não teria dito besteira. Assim, mesmo que eu nada entenda do que ele disse, tenho certeza que a frase tem um grande significado em todos os aspectos em for analisada’.” (MORETTO, 2003, p. 106).
Resposta de uma aluna:
‘Acho uma frase muito profunda, tão profunda que nem consigo captar seu real significado. Mas acho que Sócrates estava certo quando disse a frase, pois sendo um sábio não teria dito besteira. Assim, mesmo que eu nada entenda do que ele disse, tenho certeza que a frase tem um grande significado em todos os aspectos em for analisada’.” (MORETTO, 2003, p. 106).
Podemos
afirmar que a aluna respondeu à questão, visto que não foram apresentados
parâmetros, orientações, referências que sinalizassem o caminho, o contexto em
que a resposta será avaliada. Vale, portanto, a opinião da aluna, sendo assim,
deve ser respeitada.
- Construtivistas
sociointeracionistas
Provas que foram elaboradas
dentro dos princípios dessa perspectiva, segundo MORETTO:
“A
perspectiva construtivista sociointeracionista propõe uma nova relação entre o
professor, o aluno e o conhecimento. Ela parte do princípio que o aluno não é
um simples acumulador de informações, ou seja, um mero receptor/repetidor. Ele
é o construtor do próprio conhecimento. (...) Cabe ao professor o papel de
catalisador do processo da aprendizagem.” (MORETTO, 2003, p. 95)
São
provas que apresentam as seguintes características, dentre outras:
-
Contextualização do
conteúdo: por meio do qual o aluno identifica as relações que
precisa estabelecer.
-
Utilização de parâmetros
para a correção. Como
exemplo, será apresentado outro modo de formular a pergunta anterior: Comente a
frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo:
Outra
forma possível de perguntar:
“No
estudo que fizemos em filosofia da educação, afirmamos que, para haver o
desenvolvimento do indivíduo para a cidadania, é preciso que ele conheça seu
contexto social. Além disso, que ele tenha um profundo conhecimento de si
mesmo. Nos debates que fizemos em aula, citamos a frase atribuída a Sócrates
“conhece-te a ti mesmo”. Partindo da frase e das discussões feitas em aula
sobre o assunto, explique o significado da frase no contexto da filosofia da
educação.” (MORETTO, 2003, p. 106-107).
É
possível identificarmos na questão acima o parâmetro para a correção - as
discussões feitas em sala de aula acerca do tema, dentro de um contexto
específico: a filosofia da educação.
Roteiro
para autoavaliação
O roteiro que será apresentado objetiva favorecer a
reflexão, por parte do professor, acerca da avaliação que ele desenvolve com
seus alunos em sua prática pedagógica:
Estou desenvolvendo uma avaliação formadora?
- O
aluno está aprendendo?
Indago constantemente se meu
aluno está aprendendo? Ensino sem aprendizagem é um conjunto vazio, não tem
nenhuma significação. Na verdade, essa pergunta traduz a preocupação do
educador e a tensão do professor comprometido.
- Por
que o aluno está apresentando dificuldades?
Diante das dificuldades
apresentadas pelos alunos, procuro pesquisar o que está acontecendo? Verifico
se a dificuldade do aluno se deve à falta de pré-requisito ou a outro fator?
Desenvolvo meios para melhor diagnosticar as dificuldades?
- A
avaliação está “cobrando” as aprendizagens prioritárias de meu plano de
curso?
Selecionar o que avaliar é um
processo difícil. Existem alguns tópicos em que o professor pode estar mais
interessado, considera mais fácil de desenvolver ou a respeito dos quais
prefere fazer perguntas. A questão aqui colocada tem a intenção de levá-lo a
refletir se sua avaliação considera os tópicos fundamentais e mais relevantes
do curso. A resposta a essa questão exige, no entanto, uma discussão com seus
colegas. A decisão sobre que objetivos são relevantes para determinado curso,
de determinada instituição educacional, é uma definição coletiva.
(Fonte: texto: “Avaliação da
aprendizagem formadora/ Avaliação formadora da aprendizagem.” Autora: Clarilza
Prado de Souza)
Referência
LUCKESI,
Cipriano Carlos. Avaliação
da aprendizagem: estudos e proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1995.
MORETTO,
Vasco Pedro. Prova – um
momento privilegiado de estudo – não um acerto de contas. 3. ed.
Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
SOUZA, Clarilza
Prado. Texto: Avaliação da aprendizagem formadora / Avaliação formadora da
aprendizagem, Avaliação do
rendimento escolar. Ed. Papirus, 1994.
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