quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula VI


Instrumentos de avaliação

Compreender a função que os instrumentos de avaliação exercem no processo avaliativo; concluir que a prova é instrumento importante da avaliação; estimar que os instrumentos de avaliação exigem cuidados na sua elaboração, caso contrário, os resultados alcançados não serão fidedignos.

Vimos que:
  • A avaliação é um processo contínuo e sistemático.
  • A avaliação não deve ser uma atividade de controle disciplinar, com o objetivo de selecionar, excluir.
  • O que deve ser privilegiado é o processo vivido pelo aluno para chegar à resposta, ao resultado apresentado, e não o produto final.
  • A avaliação é um instrumento imprescindível para o professor analisar sua própria prática, compreendendo que sempre pode ser aperfeiçoada.
  • A nota não é o objetivo do ensino e da aprendizagem, a mesma traduz os níveis de aproveitamento escolar, tendo como parâmetros os objetivos propostos.
O processo de avaliação contempla instrumentos diversificados, tais como:
  • Prova escrita dissertativa.
  • Prova escrita de questões objetivas.
  • Questões de certo ou errado.
  • Questões de lacunas (para completar).
  • Questões de múltipla escolha.
Características das provas

Tentaremos esclarecer a importância da prova no diagnóstico da realidade do processo educativo, compreendendo que o problema da avaliação não se encontra na aplicação constante de provas, mas sim na utilização que os professores fazem dos resultados obtidos por meio da aplicação delas. Sendo muitas vezes utilizados somente para classificar os alunos em aprovados ou reprovados, sem que se tome nenhuma decisão visando à melhoria ou soluções dos problemas observados.

LUCKESI (1995) caracteriza essa situação por meio da avaliação que um médico faz do seu paciente:

No processo educativo, o professor que aplica uma prova e percebe que o aluno não aprendeu aquilo que é relevante para o seu desenvolvimento para as aprendizagens futuras e apenas o classifica em dois, zero e nada faz para corrigir as falhas apresentadas, age da mesma forma que agiu o médico acima descrito: EXAMINA – DIAGNOSTICA – CLASSIFICA – a avaliação não se processou de fato, visto que o aluno, bem como o paciente descrito acima, continuam na mesma situação: não evoluíram, não avançaram, não progrediram satisfatoriamente.

Para MORETTO (2003) a prova não pode ser considerada como um “acerto de contas”, mas sim percebida como um “momento privilegiado de aprendizagem”, servindo de “termômetro” acerca do andamento do processo ensino e aprendizagem. Sinaliza tanto para o aluno como para o professor, os avanços alcançados, as dúvidas acerca dos conteúdos.

Moretto (2203), após estudos realizados, classifica as provas como:
  • Tradicionais
Na visão do autor, são as “que dominam o processo de ensino nos dias de hoje”, a avaliação da aprendizagem é percebida como um processo de reprodução em que o aluno devolve ao professor, durante a avaliação, o que recebeu durante as aulas, de forma mecânica e memorizada.

As provas caracterizadas como tradicionais, ainda segundo MORETTO (2003), apresentam as seguintes características:

- Exploração exagerada da memorização: são questões que exigem, por parte do aluno, a memorização de dados sem algum sentido, sem relação com a vida e com suas experiências anteriores.

- A falta de parâmetros para a correção: quando a questão não é clara, precisa, o aluno torna-se refém do professor, vale o que o professor pensa. A preocupação do aluno é descobrir o que “o professor quer com a questão” e não em responder à questão, visto que ela não deixou claros os parâmetros a serem seguidos.

- Uso de palavras sem sentido preciso no contexto: tais como: comente, como, dê sua opinião, o que você sabe sobre..., quais, caracterize. Exemplo:

“Questão (Filosofia da Educação – 1º ano do Magistério) Comente a frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo.

Resposta de uma aluna:

‘Acho uma frase muito profunda, tão profunda que nem consigo captar seu real significado. Mas acho que Sócrates estava certo quando disse a frase, pois sendo um sábio não teria dito besteira. Assim, mesmo que eu nada entenda do que ele disse, tenho certeza que a frase tem um grande significado em todos os aspectos em for analisada’.” (MORETTO, 2003, p. 106).

Podemos afirmar que a aluna respondeu à questão, visto que não foram apresentados parâmetros, orientações, referências que sinalizassem o caminho, o contexto em que a resposta será avaliada. Vale, portanto, a opinião da aluna, sendo assim, deve ser respeitada.
  • Construtivistas sociointeracionistas
Provas que foram elaboradas dentro dos princípios dessa perspectiva, segundo MORETTO:

“A perspectiva construtivista sociointeracionista propõe uma nova relação entre o professor, o aluno e o conhecimento. Ela parte do princípio que o aluno não é um simples acumulador de informações, ou seja, um mero receptor/repetidor. Ele é o construtor do próprio conhecimento. (...) Cabe ao professor o papel de catalisador do processo da aprendizagem.” (MORETTO, 2003, p. 95)

São provas que apresentam as seguintes características, dentre outras:

- Contextualização do conteúdo: por meio do qual o aluno identifica as relações que precisa estabelecer.

- Utilização de parâmetros para a correção. Como exemplo, será apresentado outro modo de formular a pergunta anterior: Comente a frase de Sócrates: conhece-te a ti mesmo:
Outra forma possível de perguntar:

“No estudo que fizemos em filosofia da educação, afirmamos que, para haver o desenvolvimento do indivíduo para a cidadania, é preciso que ele conheça seu contexto social. Além disso, que ele tenha um profundo conhecimento de si mesmo. Nos debates que fizemos em aula, citamos a frase atribuída a Sócrates “conhece-te a ti mesmo”. Partindo da frase e das discussões feitas em aula sobre o assunto, explique o significado da frase no contexto da filosofia da educação.” (MORETTO, 2003, p. 106-107).

É possível identificarmos na questão acima o parâmetro para a correção - as discussões feitas em sala de aula acerca do tema, dentro de um contexto específico: a filosofia da educação.

Roteiro para autoavaliação

O roteiro que será apresentado objetiva favorecer a reflexão, por parte do professor, acerca da avaliação que ele desenvolve com seus alunos em sua prática pedagógica:
Estou desenvolvendo uma avaliação formadora?
  • O aluno está aprendendo?
Indago constantemente se meu aluno está aprendendo? Ensino sem aprendizagem é um conjunto vazio, não tem nenhuma significação. Na verdade, essa pergunta traduz a preocupação do educador e a tensão do professor comprometido.
  • Por que o aluno está apresentando dificuldades?
Diante das dificuldades apresentadas pelos alunos, procuro pesquisar o que está acontecendo? Verifico se a dificuldade do aluno se deve à falta de pré-requisito ou a outro fator? Desenvolvo meios para melhor diagnosticar as dificuldades?
  • A avaliação está “cobrando” as aprendizagens prioritárias de meu plano de curso?
Selecionar o que avaliar é um processo difícil. Existem alguns tópicos em que o professor pode estar mais interessado, considera mais fácil de desenvolver ou a respeito dos quais prefere fazer perguntas. A questão aqui colocada tem a intenção de levá-lo a refletir se sua avaliação considera os tópicos fundamentais e mais relevantes do curso. A resposta a essa questão exige, no entanto, uma discussão com seus colegas. A decisão sobre que objetivos são relevantes para determinado curso, de determinada instituição educacional, é uma definição coletiva.
(Fonte: texto: “Avaliação da aprendizagem formadora/ Avaliação formadora da aprendizagem.” Autora: Clarilza Prado de Souza)


Referência

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: estudos e proposições. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
MORETTO, Vasco Pedro. Prova – um momento privilegiado de estudo – não um acerto de contas. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
SOUZA, Clarilza Prado. Texto: Avaliação da aprendizagem formadora / Avaliação formadora da aprendizagem, Avaliação do rendimento escolar. Ed. Papirus, 1994.

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