quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula IX


Avaliação: o formal e o informal

Compreender a distinção entre avaliação formal e avaliação informal.

FREITAS (1995); FREITAS (2001); FREITAS (2003) sugere que “o fenômeno da avaliação em sala de aula tem pelo menos três componentes”:
  • O aspecto “instrucional”: pelo qual se avalia o domínio de habilidades e conteúdos em provas, trabalhos, etc.
  • A avaliação do “comportamento” do aluno em sala: considerado “um poderoso instrumento de controle em ambiente escolar, já que permite ao professor exigir do aluno obediência às regras” (FREITAS, 2003, p. 41).
  • A avaliação de “valores e atitudes”, que ocorre cotidianamente em sala de aula e que “consiste em expor o aluno a reprimendas verbais e físicas, comentários críticos e até humilhações perante a classe”.
Ainda segundo Freitas:

Este fenômeno descrito, entretanto ainda não está completo. É preciso considerar que ele ocorre em dois planos: um formal e outro informal. No plano formal estão as técnicas e procedimentos visíveis de avaliação em provas e trabalhos. No plano informal estão os juízos de valor que informam os resultados das avaliações.” (FREITAS, 1995, p. 145).

Visando ao melhor entendimento acerca dos conceitos acima contemplados, será apresentado um quadro comparativo, sobre os conceitos de avaliação formal e informal, considerando para isso, a definição elaborada por Pinto (1994, p. 23):

Veja o comparativo sobre os conceitos de avaliação formal e informal, baseado na definição elaborada por Pinto (1994, p. 23)

Avaliação Formal: Provas escritas; Provas orais; Tarefas de casa; Trabalhos de pesquisas; Avaliações previstas pela escola e pelo planejamento escolar;  O aluno sabe que está sendo avaliado; tem, ou deveria ter, ciência das regras, do conteúdo avaliado, dos objetivos da avaliação; “Os resultados podem ser examinados objetivamente pelo aluno, à luz de um procedimento claro” (FREITAS, 2003, p. 145).

Avaliação Informal: Avaliações que o professor faz continuamente, no cotidiano da sala de aula; Avaliações que o professor faz no transcorrer da aula; Quando um aluno apresenta um comportamento que foge às “regras”, às normas disciplinares exigidas pelo professor; “Observações feitas pelo professor das atividades, do comportamento dos alunos durante a aula, do cumprimento ou não da disciplina exigida por ele” (PINTO, 1994, p. 23); O aluno não tem conhecimento, ou não conhece totalmente o processo; “O processo de constituição está encoberto e é aparentemente assistemático” (FREITAS, 2003, p. 145).


Considerações / questionamentos

Se no sistema seriado, a exclusão se dava de forma objetiva, clara, de maneira aberta, ou seja, - notas baixas, reprovação – no sistema da progressão continuada, com a não reprovação, a exclusão acontece de forma implícita, subjetiva, visto que a reprovação não mais acontece na escola, e sim na vida. Ao se retirar a reprovação, passa-se a impressão da eliminação da avaliação – campo formal.

O aluno deixa de investir na sua aprendizagem, considerando que a aprovação acontecerá de qualquer modo e como consequência temos o barateamento do ensino, o aligeiramento da aprendizagem. Por outro lado, a avaliação no campo informal permanece, fazendo com que a escola cumpra o papel que lhe é posto socialmente, a submissão, a resignação, a passividade.

O que pensam acerca disso?


Encaminhamentos

Creio ser importante a discussão acerca da função excludente e seletiva da escola. Não podemos culpar os professores pelos fracassos e erros dos alunos, mas sim entendermos que algumas práticas autoritárias, voltadas para a submissão e passividade dos alunos, são, provavelmente, fruto de concepções de educação, de avaliação e compreensões de mundo.
A questão que se coloca é:

Por que é tão difícil mudar uma cultura escolar? Com relação a avaliação da aprendizagem no contexto da progressão continuada, o pretendido é a mudança da função social da escola – que a escola deixe de selecionar “doutores” e passe a formar cidadãos. Que permita que todos tenham a garantia de acesso à escola, permanência e garantia também de uma educação de qualidade. Para isso faz-se necessário a mudança de uma cultura escolar excludente e seletiva para uma cultura da inclusão, da aprendizagem, do sucesso escolar. O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os alunos aprendam.

Nesse contexto, é imprescindível uma avaliação includente, processual, diagnóstica, voltada não para separar, classificar os alunos em aprovados ou reprovados, mas sim, para diagnosticar as falhas, as dificuldades.

Corrigir os erros dos alunos exige do professor, independente de sua área de atuação, área de conhecimento, competência para selecionar conteúdos relevantes e mais, ser capaz de diagnosticar o que o aluno ainda não sabe.

Caso contrário, a ação do professor se encerrará na constatação dos erros, sem reflexões acerca das possíveis causas dos erros dos alunos.


Referência

FREITAS, Luiz Carlos de. A internalização da exclusão. Educação e Sociedade, v. 23, nº 80, set. 2002.
_____________________. (org.) Questões de avaliação educacional. Campinas, SP: Komedi: 2003.
______________________. Crítica da organização e trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
______________________. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção Cotidiano Escolar).
PINTO, A. L. G. A avaliação da aprendizagem: o formal e o informal. Campinas, SP. 1994. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.
SÃO PAULO (Estado). Conselho Estadual de Educação. Deliberação nº. 9, de 30 de julho de 1997. Institui, no Sistema de Ensino de São Paulo, o Regime de Progressão Continuada no Ensino Fundamental. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, São Paulo, SP, 5 de ago. 1997. Seção 1, p. 12-13.
SÃO PAULO (Estado). Educação Paulista: Corrigindo rumos. O que já mudou na escola pública paulista? São Paulo, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 1997.
SÃO PAULO (Estado). Conselho Estadual de Educação. Indicação nº 22, de 17 de dezembro de 1997. Dispõe sobre Avaliação e Progressão Continuada. Diário Oficial do Estado, São Paulo, 20 de Dezembro de 1997 Seção I, p. 18.
SÃO PAULO. (Estado) Resolução SE – nº 67 de 17 de janeiro de 1998, Seção I, p. 6.

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