Avaliação:
o formal e o informal
Compreender
a distinção entre avaliação formal e avaliação informal.
FREITAS (1995); FREITAS (2001); FREITAS (2003)
sugere que “o fenômeno da avaliação em sala de aula tem pelo menos três componentes”:
- O aspecto “instrucional”: pelo qual se avalia o domínio de habilidades e conteúdos em provas, trabalhos, etc.
- A
avaliação do “comportamento” do aluno em sala: considerado “um poderoso
instrumento de controle em ambiente escolar, já que permite ao professor
exigir do aluno obediência às regras” (FREITAS, 2003, p. 41).
- A
avaliação de “valores e atitudes”, que ocorre cotidianamente em sala de
aula e que “consiste em expor o aluno a reprimendas verbais e físicas,
comentários críticos e até humilhações perante a classe”.
Ainda
segundo Freitas:
“Este
fenômeno descrito, entretanto ainda não está completo. É preciso considerar que
ele ocorre em dois planos: um formal e outro informal. No plano formal estão as
técnicas e procedimentos visíveis de avaliação em provas e trabalhos. No plano
informal estão os juízos de valor que informam os resultados das avaliações.” (FREITAS,
1995, p. 145).
Visando
ao melhor entendimento acerca dos conceitos acima contemplados, será
apresentado um quadro comparativo, sobre os conceitos de avaliação formal e
informal, considerando para isso, a definição elaborada por Pinto (1994, p.
23):
Veja
o comparativo sobre os conceitos de avaliação formal e informal, baseado na
definição elaborada por Pinto (1994, p. 23)
Avaliação Formal: Provas escritas; Provas orais;
Tarefas de casa; Trabalhos de pesquisas; Avaliações previstas pela escola e
pelo planejamento escolar; O aluno sabe
que está sendo avaliado; tem, ou deveria ter, ciência das regras, do conteúdo
avaliado, dos objetivos da avaliação; “Os resultados podem ser examinados
objetivamente pelo aluno, à luz de um procedimento claro” (FREITAS, 2003, p.
145).
Avaliação Informal: Avaliações que o professor faz
continuamente, no cotidiano da sala de aula; Avaliações que o professor faz no
transcorrer da aula; Quando um aluno apresenta um comportamento que foge às “regras”,
às normas disciplinares exigidas pelo professor; “Observações feitas pelo
professor das atividades, do comportamento dos alunos durante a aula, do
cumprimento ou não da disciplina exigida por ele” (PINTO, 1994, p. 23); O aluno
não tem conhecimento, ou não conhece totalmente o processo; “O processo de
constituição está encoberto e é aparentemente assistemático” (FREITAS, 2003, p.
145).
Considerações / questionamentos
Se
no sistema seriado, a exclusão se dava de forma objetiva, clara, de maneira
aberta, ou seja, - notas baixas, reprovação – no sistema da progressão
continuada, com a não reprovação, a exclusão acontece de forma implícita,
subjetiva, visto que a reprovação não mais acontece na escola, e sim na vida.
Ao se retirar a reprovação, passa-se a impressão da eliminação da avaliação –
campo formal.
O
aluno deixa de investir na sua aprendizagem, considerando que a aprovação
acontecerá de qualquer modo e como consequência temos o barateamento do ensino,
o aligeiramento da aprendizagem. Por outro lado, a avaliação no campo informal
permanece, fazendo com que a escola cumpra o papel que lhe é posto socialmente,
a submissão, a resignação, a passividade.
O
que pensam acerca disso?
Encaminhamentos
Creio
ser importante a discussão acerca da função excludente e seletiva da escola.
Não podemos culpar os professores pelos fracassos e erros dos alunos, mas sim
entendermos que algumas práticas autoritárias, voltadas para a submissão e
passividade dos alunos, são, provavelmente, fruto de concepções de educação, de
avaliação e compreensões de mundo.
A
questão que se coloca é:
Por
que é tão difícil mudar uma cultura escolar? Com relação a avaliação da
aprendizagem no contexto da progressão continuada, o pretendido é a mudança da
função social da escola – que a escola deixe de selecionar “doutores” e passe a
formar cidadãos. Que permita que todos tenham a garantia de acesso à escola,
permanência e garantia também de uma educação de qualidade. Para isso faz-se
necessário a mudança de uma cultura escolar excludente e seletiva para uma
cultura da inclusão, da aprendizagem, do sucesso escolar. O compromisso da
Escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem. O
trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os
alunos aprendam.
Nesse
contexto, é imprescindível uma avaliação includente, processual, diagnóstica,
voltada não para separar, classificar os alunos em aprovados ou reprovados, mas
sim, para diagnosticar as falhas, as dificuldades.
Corrigir
os erros dos alunos exige do professor, independente de sua área de atuação,
área de conhecimento, competência para selecionar conteúdos relevantes e mais,
ser capaz de diagnosticar o que o aluno ainda não sabe.
Caso
contrário, a ação do professor se encerrará na constatação dos erros, sem
reflexões acerca das possíveis causas dos erros dos alunos.
Referência
_____________________.
(org.) Questões de avaliação
educacional. Campinas, SP: Komedi: 2003.
______________________.
Crítica da organização e
trabalho pedagógico e da didática. Campinas, SP: Papirus, 1995.
(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
______________________.
Ciclos, seriação e
avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. (Coleção
Cotidiano Escolar).
PINTO,
A. L. G. A avaliação da
aprendizagem: o formal e o informal. Campinas, SP. 1994.
Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas.
SÃO
PAULO (Estado). Conselho Estadual de Educação. Deliberação nº. 9, de 30 de
julho de 1997. Institui, no Sistema de Ensino de São Paulo, o Regime de
Progressão Continuada no Ensino Fundamental. Diário Oficial do Estado de São
Paulo, Poder Executivo, São Paulo, SP, 5 de ago. 1997. Seção 1, p. 12-13.
SÃO
PAULO (Estado). Educação
Paulista: Corrigindo rumos. O que já mudou na escola pública paulista? São
Paulo, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 1997.
SÃO
PAULO (Estado). Conselho Estadual de Educação. Indicação nº 22, de 17 de
dezembro de 1997. Dispõe sobre Avaliação e Progressão Continuada. Diário Oficial do Estado,
São Paulo, 20 de Dezembro de 1997 Seção I, p. 18.
SÃO PAULO. (Estado) Resolução SE – nº 67 de 17
de janeiro de 1998, Seção I, p. 6.
Nenhum comentário:
Postar um comentário