sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Planejamento e Avaliação da Aprendizagem – Aula VI


Concepção de avaliação presente na progressão continuada

Esta aula objetiva apresentar ao aluno o conceito de progressão continuada a partir dos instrumentos legais. A partir disso, pretende-se que o aluno compreenda o conceito de avaliação da aprendizagem no contexto da progressão continuada.
Espera-se também que ele consiga contrastar as mudanças sugeridas a partir da implantação do sistema de ciclos, com o sistema seriado.

Progressão continuada

Progressão continuada implica na aprendizagem contínua do aluno, como parte de um processo de desenvolvimento global, que considera o seu ritmo de aprendizagem e tem seus avanços e erros percebidos como parte do processo.

Implica também na responsabilidade da escola com o progresso, com a aprendizagem do aluno. Para isso, o professor deve levar em consideração o que o aluno já sabe, suas experiências anteriores.

Ela, de acordo com os instrumentos legais, deve ser entendida como um instrumento capaz de ajustar as práticas pedagógicas e o currículo escolar à realidade dos alunos e não um meio artificial e automático de “empurrar” os alunos para as séries seguintes.

Não se pode entender progressão continuada como:

• Promoção indiscriminada e artificial – vista como um “liberou geral”; o que significa: barateamento do ensino, baixa qualidade do mesmo.
• Agora o proibido é reprovar: que pode ser entendido como: “não é mais necessário estudar, nem se dedicar, já que serei aprovado de qualquer jeito”.

Concepção de avaliação presente no contexto de progressão continuada

Progressão continuada exige do professor novas formas de avaliar o aluno, que considerem a trajetória percorrida pelo mesmo para apropriar-se do conhecimento.

Suscita uma nova postura do professor em relação à avaliação da aprendizagem, como enfatiza a Deliberação do CEE 22/96:

A avaliação no esforço da progressão continuada tem um novo sentido, ampliado, de alavanca do progresso do aluno e não mais o de um mero instrumento de seletividade. Ela adquire um sentido comparativo do antes e do depois da ação do professor, da valorização dos ganhos, por pequenos que sejam, perdendo absolutamente seu sentido de faca de corte. A avaliação se amplia pela postura de valorização de qualquer indício que revele o desenvolvimento dos alunos, sob qualquer ângulo, nos conhecimentos, nas formas de pensar, de se relacionar. (Deliberação CEE 22/97)

Privilegia-se, assim, uma avaliação formativa, dinâmica, crítica, pressupondo acompanhamento contínuo e levando em conta o aspecto diagnóstico, informando aos alunos as causas dos seus erros, tendo por objetivo a aprendizagem constante.

 Vimos que avaliação é:

• Questionar o que é preciso manter e o que é preciso ser modificado em nossa ação pedagógica.

• Avaliar é não se mostrar indiferente e exige agir sobre a situação avaliada, ou seja, é uma atitude crítica.

• Trabalhar com as causas.

• É um processo, não apenas produto.

• Acompanhar o processo de construção do conhecimento e de formação ética dos educandos.

O que deve ser avaliado?

• A apropriação de conteúdos relevantes.

• O desenvolvimento de competências e habilidades. Como avaliar?

• Respeitando as características dos alunos – nem todos são bons em tudo, mas todos são bons em alguma coisa.

• Utilizando linguagem clara e precisa.

• Selecionando instrumentos de avaliação que sejam adequados aos conteúdos que estamos avaliando.

Outro aspecto a ser considerado refere-se à autoavaliação do aluno, mediada pelo professor, ajudando o aluno a perceber suas dificuldades, seus avanços, visando à reorientação do processo de ensino e aprendizagem, sem culpas, sem julgamentos.

Sistema de ciclos: mudanças propostas

Sistema seriado
Sistema de ciclos
Lógica seletiva: em que os tempos são iguais para todos; todos têm que responder do mesmo modo, no mesmo espaço de tempo – homogeneização de aprendizagem.
Lógica de tempos diversos de construção de conhecimento: respeito às diferenças, às heterogeneidades que estão presentes em sala de aula.
Transmissão de conhecimento: estímulo à memorização pontual de conteúdos.
Ensino que respeita a diferenciação de ritmos e tempos: desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas, sociais e afetivas.
Avaliação: pontual, classificatória, excludente, seletiva.
Avaliação: processual, contínua, cumulativa, considera os avanços e erros como partes do processo educativo, includente.

Creio ser importante a discussão acerca da função excludente e seletiva da escola. Não podemos culpar os professores pelos fracassos e erros dos alunos, mas sim entendermos que algumas práticas autoritárias, voltadas para a submissão e passividade dos alunos, são, provavelmente, fruto de concepções de educação, de avaliação e compreensões de mundo.

A questão que se coloca é:

Por que é tão difícil mudar uma cultura escolar? Com relação à avaliação da aprendizagem no contexto da progressão continuada, o pretendido é a mudança da função social da escola – que a escola deixe de selecionar “doutores” e passe a formar cidadãos. Que permita que todos tenham a garantia de acesso à escola, permanência e garantia também de uma educação de qualidade. Para isso, faz-se necessária a mudança de uma cultura escolar excludente e seletiva para uma cultura da inclusão, da aprendizagem, do sucesso escolar. O compromisso da escola não é somente com o ensino, mas principalmente com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem usados para que todos os alunos aprendam.

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