O professor e a
avaliação da aprendizagem
Esta
aula tem por objetivos fazer com que o aluno compreenda a relação existente entre
a avaliação da aprendizagem e a forma de trabalho pedagógico – planejamento de
ensino – que inclui a metodologia, relação professor e aluno e a concepção de
aprendizagem. Para isso serão apresentados funções, modalidades e propósitos da
avaliação.
O
professor e avaliação
É possível perceber a relação que existe entre a avaliação, o
modo como o professor corrige os erros dos alunos e sua metodologia de ensino desenvolvida
em sala de aula. Não há como pensar em uma educação democrática, um projeto
pedagógico, um planejamento de ensino que inclui e facilita aprendizagem, sem
pensar numa avaliação da aprendizagem que tenha também essas características.
Lüdke e André também perceberam a existência dessa relação na
pesquisa que fizeram sobre a avaliação na escola de ensino fundamental (1ª a
4ª). Segundo suas palavras:
As
concepções de avaliação são subsidiárias de uma determinada forma de trabalho
pedagógico, que inclui metodologia, relação professor aluno e concepção de
aprendizagem (LÜDKE; ANDRÉ, 1992, p. 108).
Nesse sentido, se a metodologia do professor é antidialogal,
autoritária e arrogante, sua consequência será uma avaliação com os mesmos
aspectos. Da mesma maneira ter-se-á uma avaliação diagnóstica, processual,
democrática e dialogal, havendo um ensino, um planejamento que apresente essas
mesmas características.
Como diz Hoffmann (1995, p. 74), “trabalhar com avaliação é trabalhar com o próprio referencial teórico. Assim, todo agir do professor carrega por trás um julgamento, uma concepção pedagógica”. Cumpre lembrar acerca desse tema o que nos diz Luckesi (1995)
Como diz Hoffmann (1995, p. 74), “trabalhar com avaliação é trabalhar com o próprio referencial teórico. Assim, todo agir do professor carrega por trás um julgamento, uma concepção pedagógica”. Cumpre lembrar acerca desse tema o que nos diz Luckesi (1995)
A
avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se
articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A
avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui
uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um
resultado previamente definido. Seria um contra senso que um modelo social e
modelos pedagógicos, autoritários e conservadores tivessem no seu âmago uma
prática de avaliação democrática [...] o educador que estiver afeito a dar um
novo encaminhamento para a prática da avaliação escolar deverá estar preocupado
em redefinir propriamente os rumos de sua ação pedagógica [...] o primeiro
passo que nos parece fundamental para redirecionar os caminhos da prática da
avaliação é assumir um posicionamento pedagógico claro e explícito [...] de tal
modo que possa orientar diuturnamente a prática pedagógica, no planejamento, na
execução e na avaliação (LUCKESI, 1995, p. 85).
Desse
modo, a avaliação da aprendizagem seletiva, classificatória, excludente,
utilizada como instrumento legitimador do fracasso escolar é coerente com os
princípios, objetivos e as práticas pedagógicas exercidas. Sendo assim, a
efetivação de uma educação democrática com a garantia do acesso, permanência e
qualidade para todos não depende apenas de uma mudança na prática avaliativa, e
sim, de forma mais abrangente, da mudança de cultura pedagógica e reflexão
sobre o que se ensina, a quem se ensina e para se ensina.
A
avaliação também nos permite compreender o projeto pedagógico que está sendo
desenvolvido em determinada escola, por ser, entre os elementos do campo
educativo, aquele que melhor explicita a concepção teórica de educação.
Na
visão de Woods:
Necessitamos
de ensino criativo. A literatura está cheia de exemplos de tédio e de
ineficácia do ensino feito pela “transmissão de conteúdos”, pesado e rotineiro,
levado a cabo por professores arregimentados “como cavalos”, todos a correrem
na mesma pista e à mesma velocidade. Há tantos fatores diferentes, emergentes,
varáveis e contraditórios no ensino, que todas as abordagens são necessárias, e
não podemos encerrar-nos numa atitude conformista. (WOODS, 1995, p. 150)
Há que se mudar a prática usual de avaliação enquanto medida da
capacidade de memorização e reprodução do conteúdo para uma prática avaliativa
voltada para a reflexão e para a aprendizagem.
Modalidades e funções da avaliação
A
seguir será apresentado um quadro que contempla:
• Tipos
de avaliações.
• Suas
funções.
• Seus
propósitos.
• Época
de suas aplicações.
Modalidade (tipo)
|
Função
|
Propósito
(para que usar)
|
Época
(quando aplicar)
|
Diagnóstica
|
Diagnosticar
|
-
Verificar a presença ou ausência de pré-requisitos para novas aprendizagens.
- Detectar dificuldades específicas de aprendizagem, tentando identificar
suas causas.
|
Início
do ano ou semestre letivos, ou no início de uma unidade de ensino.
|
Formativa
|
Controlar
|
-
Constatar se os objetivos foram alcançados. - Fornecer dados para aperfeiçoar
o processo ensino e aprendizagem.
|
Durante
o ano letivo, isto é, ao longo do processo ensino e aprendizagem.
|
Somativa
|
Classificar
|
-
Classificar os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos, de acordo
com níveis de aproveitamento estabelecidos.
|
Ao
final de um ano ou semestre letivos, ou ao final de uma unidade de ensino.
|
Questão para reflexão
A
partir do quadro apresentado, tente responder ao questionamento que se segue:
• Entre
os tipos de avaliações apresentadas – diagnóstica, formativa e somativa – qual,
na sua opinião, pode ser considerada a mais importante?
Conclusão/resposta ao questionamento proposto
Os
três tipos de avaliação estão relacionados entre si. É imprescindível que o
professor, em sua prática pedagógica, faça uso ordenado das três modalidades de
avaliação.
Não
há, portanto, uma modalidade de avaliação que seja mais importante que as
demais apresentadas, embora, percebamos a utilização indiscriminada da
avaliação somativa ou classificatória. Esta é utilizada somente para
classificar os alunos em aprovados ou reprovados, sem considerar os avanços já
alcançados, as defasagens apresentadas e a exigência da tomada de decisão,
visando à melhoria e correções do processo ensino e aprendizagem.
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