sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Planejamento e Avaliação da Aprendizagem – Aula V


O professor e a avaliação da aprendizagem

Esta aula tem por objetivos fazer com que o aluno compreenda a relação existente entre a avaliação da aprendizagem e a forma de trabalho pedagógico – planejamento de ensino – que inclui a metodologia, relação professor e aluno e a concepção de aprendizagem. Para isso serão apresentados funções, modalidades e propósitos da avaliação.

O professor e avaliação

É possível perceber a relação que existe entre a avaliação, o modo como o professor corrige os erros dos alunos e sua metodologia de ensino desenvolvida em sala de aula. Não há como pensar em uma educação democrática, um projeto pedagógico, um planejamento de ensino que inclui e facilita aprendizagem, sem pensar numa avaliação da aprendizagem que tenha também essas características.

Lüdke e André também perceberam a existência dessa relação na pesquisa que fizeram sobre a avaliação na escola de ensino fundamental (1ª a 4ª). Segundo suas palavras:

As concepções de avaliação são subsidiárias de uma determinada forma de trabalho pedagógico, que inclui metodologia, relação professor aluno e concepção de aprendizagem (LÜDKE; ANDRÉ, 1992, p. 108).

Nesse sentido, se a metodologia do professor é antidialogal, autoritária e arrogante, sua consequência será uma avaliação com os mesmos aspectos. Da mesma maneira ter-se-á uma avaliação diagnóstica, processual, democrática e dialogal, havendo um ensino, um planejamento que apresente essas mesmas características.

Como diz Hoffmann (1995, p. 74), “trabalhar com avaliação é trabalhar com o próprio referencial teórico. Assim, todo agir do professor carrega por trás um julgamento, uma concepção pedagógica”. Cumpre lembrar acerca desse tema o que nos diz Luckesi (1995)

A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. Seria um contra senso que um modelo social e modelos pedagógicos, autoritários e conservadores tivessem no seu âmago uma prática de avaliação democrática [...] o educador que estiver afeito a dar um novo encaminhamento para a prática da avaliação escolar deverá estar preocupado em redefinir propriamente os rumos de sua ação pedagógica [...] o primeiro passo que nos parece fundamental para redirecionar os caminhos da prática da avaliação é assumir um posicionamento pedagógico claro e explícito [...] de tal modo que possa orientar diuturnamente a prática pedagógica, no planejamento, na execução e na avaliação (LUCKESI, 1995, p. 85).

Desse modo, a avaliação da aprendizagem seletiva, classificatória, excludente, utilizada como instrumento legitimador do fracasso escolar é coerente com os princípios, objetivos e as práticas pedagógicas exercidas. Sendo assim, a efetivação de uma educação democrática com a garantia do acesso, permanência e qualidade para todos não depende apenas de uma mudança na prática avaliativa, e sim, de forma mais abrangente, da mudança de cultura pedagógica e reflexão sobre o que se ensina, a quem se ensina e para se ensina.

A avaliação também nos permite compreender o projeto pedagógico que está sendo desenvolvido em determinada escola, por ser, entre os elementos do campo educativo, aquele que melhor explicita a concepção teórica de educação.

Na visão de Woods:

Necessitamos de ensino criativo. A literatura está cheia de exemplos de tédio e de ineficácia do ensino feito pela “transmissão de conteúdos”, pesado e rotineiro, levado a cabo por professores arregimentados “como cavalos”, todos a correrem na mesma pista e à mesma velocidade. Há tantos fatores diferentes, emergentes, varáveis e contraditórios no ensino, que todas as abordagens são necessárias, e não podemos encerrar-nos numa atitude conformista. (WOODS, 1995, p. 150)

Há que se mudar a prática usual de avaliação enquanto medida da capacidade de memorização e reprodução do conteúdo para uma prática avaliativa voltada para a reflexão e para a aprendizagem.

Modalidades e funções da avaliação

A seguir será apresentado um quadro que contempla:

• Tipos de avaliações.
• Suas funções.
• Seus propósitos.
• Época de suas aplicações.

 Modalidade (tipo)
Função
Propósito (para que usar)
Época (quando aplicar)
Diagnóstica
Diagnosticar
- Verificar a presença ou ausência de pré-requisitos para novas aprendizagens. - Detectar dificuldades específicas de aprendizagem, tentando identificar suas causas.
Início do ano ou semestre letivos, ou no início de uma unidade de ensino.
Formativa
Controlar
- Constatar se os objetivos foram alcançados. - Fornecer dados para aperfeiçoar o processo ensino e aprendizagem.
Durante o ano letivo, isto é, ao longo do processo ensino e aprendizagem.
Somativa
Classificar
- Classificar os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos, de acordo com níveis de aproveitamento estabelecidos.
Ao final de um ano ou semestre letivos, ou ao final de uma unidade de ensino.

Questão para reflexão

A partir do quadro apresentado, tente responder ao questionamento que se segue:

• Entre os tipos de avaliações apresentadas – diagnóstica, formativa e somativa – qual, na sua opinião, pode ser considerada a mais importante?

Conclusão/resposta ao questionamento proposto

Os três tipos de avaliação estão relacionados entre si. É imprescindível que o professor, em sua prática pedagógica, faça uso ordenado das três modalidades de avaliação.

Não há, portanto, uma modalidade de avaliação que seja mais importante que as demais apresentadas, embora, percebamos a utilização indiscriminada da avaliação somativa ou classificatória. Esta é utilizada somente para classificar os alunos em aprovados ou reprovados, sem considerar os avanços já alcançados, as defasagens apresentadas e a exigência da tomada de decisão, visando à melhoria e correções do processo ensino e aprendizagem.

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