segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula IV


O professor e a Avaliação da Aprendizagem

Compreender a relação existente entre a avaliação da aprendizagem e a forma de trabalho pedagógico – planejamento de ensino – que inclui a metodologia, relação professor e aluno e a concepção de aprendizagem. Conhecer as funções, modalidades e propósitos da avaliação.


O professor e a avaliação


É possível perceber a relação que existe entre a avaliação, o modo como o professor corrige os erros dos alunos e sua metodologia de ensino desenvolvida em sala de aula. Não há como se pensar em uma educação democrática, em um projeto pedagógico e em um planejamento de ensino includente, facilitador da aprendizagem, estanque de uma avaliação da aprendizagem que tenha também essas características.

Ludke e Mediano também perceberam a existência dessa relação na pesquisa que fizeram sobre a avaliação na escola de ensino fundamental (primeira a quarta). Segundo suas palavras:

As concepções de avaliação são subsidiárias de uma determinada forma de trabalho pedagógico, que inclui metodologia, relação professor aluno e concepção de aprendizagem.” (LUDKE; MEDIANO, 1992, p. 108).

Nesse sentido, se a metodologia do professor é antidialogal, autoritária e arrogante, sua consequência será uma avaliação com os mesmos aspectos. Da mesma maneira, ter-se-á uma avaliação diagnóstica, processual, democrática e dialogal, havendo um ensino e um planejamento que apresente essas mesmas características.

É como diz Hoffmann (1995) “trabalhar com avaliação é trabalhar com o próprio referencial teórico. Assim, todo agir do professor carrega por trás um julgamento, uma concepção pedagógica”. (HOFFMAN, 1995, p. 74)

Cumpre lembrar acerca desse tema o que nos diz Luckesi (1995):

A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. Seria um contra senso que um modelo social e um modelo pedagógico autoritários e conservadores tivessem no seu âmago uma prática de avaliação democrática... o educador que estiver afeito a dar um novo encaminhamento para a prática da avaliação escolar deverá estar preocupado em redefinir propriamente os rumos de sua ação pedagógica... o primeiro passo que nos parece fundamental para redirecionar os caminhos da prática da avaliação é assumir um posicionamento pedagógico claro e explícito... de tal modo que possa orientar diuturnamente a prática pedagógica, no planejamento, na execução e na avaliação.” (LUCKESI, 1995, p. 85)

Desse modo, a avaliação da aprendizagem seletiva, classificatória, excludente, utilizada como instrumento legitimador do fracasso escolar é coerente com os princípios, objetivos e as práticas pedagógicas exercidas. Sendo assim, a efetivação de uma educação democrática com a garantia do acesso, permanência e qualidade para todos não depende apenas de uma mudança de uma prática avaliativa, e sim depende, de forma mais abrangente, da mudança de cultura pedagógica e reflexão sobre o que se ensina, a quem se ensina e para que se ensina.

A avaliação também nos permite compreender o projeto pedagógico que está sendo desenvolvido em determinada escola, em determinada instituição de ensino, por ser a avaliação, dentre os elementos do campo educativo, aquele que melhor explicita a concepção teórica de educação.

Na visão de Woods:

Necessitamos de ensino criativo. A literatura está cheia de exemplos de tédio e de ineficácia do ensino feito pela ‘transmissão de conteúdos’, pesado e rotineiro, levado a cabo por professores arregimentados ‘como cavalos’, todos a correrem na mesma pista e à mesma velocidade. Há tantos fatores diferentes, emergentes, variáveis e contraditórios no ensino, que todas as abordagens são necessárias, e não podemos encerrar-nos numa atitude conformista.” (WOODS, 1995, p. 150)

Há que se mudar a prática usual de avaliação enquanto medida da capacidade de memorização e reprodução do conteúdo para uma prática avaliativa voltada para a reflexão e para a aprendizagem.


Modalidades e funções da avaliação


A seguir será apresentado um quadro que contempla:
  • Tipos de avaliações.
  • Suas funções.
  • Seus propósitos.
  • Época de suas aplicações.
MODALIDADE
(tipo)
FUNÇÃO
PROPÓSITO
(para que usar)
ÉPOCA
(quando aplicar)
Diagnóstica
Diagnosticar
- Verificar a presença ou ausência de pré-requisitos para novas aprendizagens.
-Detectar dificuldades específicas de aprendizagem, tentando identificar suas causas.
Início do ano ou semestre letivos, ou no início de uma unidade de ensino.
Formativa
Controlar
- Constatar se os objetivos foram alcançados.
- Fornecer dados para aperfeiçoar o processo ensino e aprendizagem.
Durante o ano letivo, isto é, ao longo do processo ensino e aprendizagem.
Somativa
Classificar
Classificar os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos, de acordo com níveis de aproveitamento estabelecidos.
Ao final de um ano ou semestre letivos, ou ao final de uma unidade de ensino.
·         Esse quadro foi extraído de: HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem, 6. ed. São Paulo : Ática, 1997, p. 19.

 

Referência

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem, 6ª ed. São Paulo : Ática, 1997.
HOFFMAN, Jussara M. L. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 1995.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo : E.P.U., 1992.
WOODS, Peter. Aspectos Sociais da Criatividade do Professor. In: NÓVOA, António (org.) Profissão Professo. Porto, Portugal: Porto Ltda., 1995.

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