Instrumentos de avaliação: Sua
importância no processo avaliativo
Identificar
os instrumentos de avaliação como uma das etapas do processo avaliativo e
compreender as etapas da avaliação.
Texto:
“Professor: Júlio, responda: por que os
judeus foram expulsos da Espanha?
Júlio: Porque não se
deixaram fotografar pelos espanhóis.
Professor: Como? De
onde você tirou uma coisa dessas?
Júlio: Está escrito
no livro.
Professor: No livro?
De Jeito nenhum...
Júlio: Está sim
professor, tenho certeza.
Professor: Então,
pegue o livro para me mostrar.
Júlio: (com o livro
aberto). Aqui está: ‘Os judeus foram expulsos da Espanha porque não se retrataram
perante os espanhóis...’”
Podemos
observar, a partir do exposto acima, que apesar dos critérios avaliativos serem
claros, bem definidos, os alunos avaliados apresentam paradigmas diferentes,
nuances diferentes, realidades diferentes. Cada aluno tem o seu referencial,
sua visão de mundo. A questão posta é: como avaliar a todos a partir de um
único critério, de um único instrumento de avaliação?
É
importante e esclarecedor, antes de prosseguirmos com o estudo dos instrumentos
de avaliação, compreendermos as etapas da avaliação que têm a definição dos
instrumentos avaliativos como parte integrante.
Etapas da avaliação: contextualização
A
avaliação envolve fases ou etapas contínuas, desde a definição dos objetivos
até a análise dos resultados obtidos, visando a tomar decisões voltadas para o
desenvolvimento do educando e melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
Temos
de estar atentos para as dimensões da avaliação. Ela não tem apenas um caráter
técnico, de verificar, mensurar, ou classificar os resultados. É impossível
falar em um processo de avaliação, em etapas da avaliação, sem considerarmos a
sua perspectiva ética, sem percebermos as determinações a que está submetida,
os valores que a fundamentam, o projeto pedagógico em que a avaliação se
insere.
Avaliar
pressupõe definir objetivos, princípios e implica compromisso e competência dos
professores na definição e alcance deles.
A
avaliação deve desenvolver-se de forma contínua, deve ser observado o seu
caráter processual, que significa acompanhar o processo de construção do
conhecimento e de formação integral do educando, não pode ser utilizada
estanque do processo de ensino e aprendizagem. Faz parte de uma dinâmica mais
ampla, a da prática educativa, tendo como finalidade o crescimento de todos os
envolvidos no processo educativo, é intervir pedagogicamente para promover a
aprendizagem de todos, é ajudar o aluno a se constituir como sujeito.
Nesse
contexto, não cabem comparações, mas avaliar o aluno considerando o seu próprio
processo de desenvolvimento, considerando que a escola não existe para decretar
fracassos, mas para promover aprendizagens, que a avaliação não se destina à
classificação, mas ao diagnóstico, ao despertar no aluno o prazer de aprender,
que segundo Luckesi:
“O
prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida a provas e
notas; os alunos passam a estudar “para se dar bem na prova” e para isso têm de
memorizar as respostas consideradas certas pelo professor. Desaparecem o
debate, a polêmica, as diferentes leituras do mesmo texto, o exercício da
dúvida e do pensamento divergente, a pluralidade. A sala de aula se torna um
pobre espaço de repetição, sem possibilidade de criação e circulação de novas
idéias.” (LUCKESI, 1995, p. 41).
No contexto do que foi apresentado acima, serão
apresentadas, a seguir, as etapas da avaliação:
- Definição
dos objetivos –
supõe a determinação dos resultados que pretendemos alcançar com o
processo de ensino. Para melhor entendimento será apresentado um texto
ilustrativo.
“No
princípio Deus criou os céus e a terra e, ao observar o que havia feito,
disse”: - Vejam só como é bom o que fiz! E esta foi a manhã e a noite do sexto
dia. No sétimo dia Deus descansou. Foi então que o seu anjo arcanjo veio e lhe
perguntou: - Senhor, como sabe se o que criou é bom? Quais são os seus
critérios? Em que dados baseia o seu juízo? Que resultados, mais precisamente,
o Senhor estava esperando? O senhor por acaso não está envolvido demais em sua
criação para fazer uma avaliação desinteressada? Deus passou o dia pensando
sobre estas perguntas e à noite teve um sono bastante agitado. E assim nasceu,
iluminada de glória, a avaliação.” (FREITAS, apud PATTON, 2002 p. 120)
Perguntas vexatórias, mas
indispensáveis para quem pretende avaliar:
- Como é que o Senhor sabe se o
que produziu é bom? Quais são os seus critérios?
Pressuposto básico da avaliação:
definição dos objetivos. É preciso que os critérios sejam explicitados, claros.
Caso contrário, faltarão parâmetros para a análise dos dados coletados, para o
diagnóstico da realidade. Os objetivos não podem ser arbitrariamente definidos,
mas sim, devem ser relevantes, essenciais para o desenvolvimento do educando,
imprescindíveis para as aprendizagens futuras dele.
- Seleção
de procedimentos de avaliação – diante da grande variedade de instrumentos
disponíveis para avaliar, há de selecionar os mais adequados, considerando
para isso, os objetivos que se pretende avaliar:
O que avaliar?
- a apropriação de conteúdos
relevantes:
São adequados?
São pertinentes, tendo em vista a
missão institucional?
- Diagnóstico – consiste na apreciação
quanto à desejabilidade do resultado obtido:
- Comprovar se os resultados
desejados foram alcançados.
- Verificar até que ponto as
metas previstas foram atingidas.
- Identificar as dificuldades de
aprendizagem, tentando compreender suas possíveis causas.
- Tomada
de decisão – a
partir das análises dos resultados, visando a aperfeiçoar o processo ensino
e aprendizagem:
- Função de realimentação do
processo de ensino.
- Replanejamento do trabalho do
professor, visando a corrigir eventuais falhas.
- Perguntas que o professor
poderá fazer a si mesmo:
- Como
poderá motivar mais seus alunos?
- Sua
linguagem está clara, adequada aos alunos?
- Suas
explicações estão sendo compreendidas?
- Os
instrumentos de avaliação utilizados exigem informações memorizadas ou
avalia o que o aluno é capaz de fazer com o conhecimento, com os
conceitos, com as informações adquiridas?
Referência
BRASIL, Leis etc. Leis de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Lei n. 9394/1996. Rio de Janeiro: Esplanada, 1998.
FREITAS, Luiz Carlos de (org.). Avaliação:
construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Insular, 2002. 2006.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da
aprendizagem escolar: estudos e proposições. 2.ed. São
Paulo: Cortez, 1995.
PATTON, Michael Quinn. Utilization-Focused
Evaluation. Thousand
Oaks, CA : Sage, 1997.
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