quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Avaliação Educacional – Aula VII


Instrumentos de avaliação: Sua importância no processo avaliativo

Identificar os instrumentos de avaliação como uma das etapas do processo avaliativo e compreender as etapas da avaliação.

Texto:

Professor: Júlio, responda: por que os judeus foram expulsos da Espanha?

Júlio: Porque não se deixaram fotografar pelos espanhóis.

Professor: Como? De onde você tirou uma coisa dessas?

Júlio: Está escrito no livro.

Professor: No livro? De Jeito nenhum...

Júlio: Está sim professor, tenho certeza.

Professor: Então, pegue o livro para me mostrar.

Júlio: (com o livro aberto). Aqui está: ‘Os judeus foram expulsos da Espanha porque não se retrataram perante os espanhóis...’

Podemos observar, a partir do exposto acima, que apesar dos critérios avaliativos serem claros, bem definidos, os alunos avaliados apresentam paradigmas diferentes, nuances diferentes, realidades diferentes. Cada aluno tem o seu referencial, sua visão de mundo. A questão posta é: como avaliar a todos a partir de um único critério, de um único instrumento de avaliação?

É importante e esclarecedor, antes de prosseguirmos com o estudo dos instrumentos de avaliação, compreendermos as etapas da avaliação que têm a definição dos instrumentos avaliativos como parte integrante.

Etapas da avaliação: contextualização

A avaliação envolve fases ou etapas contínuas, desde a definição dos objetivos até a análise dos resultados obtidos, visando a tomar decisões voltadas para o desenvolvimento do educando e melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

Temos de estar atentos para as dimensões da avaliação. Ela não tem apenas um caráter técnico, de verificar, mensurar, ou classificar os resultados. É impossível falar em um processo de avaliação, em etapas da avaliação, sem considerarmos a sua perspectiva ética, sem percebermos as determinações a que está submetida, os valores que a fundamentam, o projeto pedagógico em que a avaliação se insere.

Avaliar pressupõe definir objetivos, princípios e implica compromisso e competência dos professores na definição e alcance deles.

A avaliação deve desenvolver-se de forma contínua, deve ser observado o seu caráter processual, que significa acompanhar o processo de construção do conhecimento e de formação integral do educando, não pode ser utilizada estanque do processo de ensino e aprendizagem. Faz parte de uma dinâmica mais ampla, a da prática educativa, tendo como finalidade o crescimento de todos os envolvidos no processo educativo, é intervir pedagogicamente para promover a aprendizagem de todos, é ajudar o aluno a se constituir como sujeito.

Nesse contexto, não cabem comparações, mas avaliar o aluno considerando o seu próprio processo de desenvolvimento, considerando que a escola não existe para decretar fracassos, mas para promover aprendizagens, que a avaliação não se destina à classificação, mas ao diagnóstico, ao despertar no aluno o prazer de aprender, que segundo Luckesi:

O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida a provas e notas; os alunos passam a estudar “para se dar bem na prova” e para isso têm de memorizar as respostas consideradas certas pelo professor. Desaparecem o debate, a polêmica, as diferentes leituras do mesmo texto, o exercício da dúvida e do pensamento divergente, a pluralidade. A sala de aula se torna um pobre espaço de repetição, sem possibilidade de criação e circulação de novas idéias.” (LUCKESI, 1995, p. 41).

No contexto do que foi apresentado acima, serão apresentadas, a seguir, as etapas da avaliação:
  • Definição dos objetivos – supõe a determinação dos resultados que pretendemos alcançar com o processo de ensino. Para melhor entendimento será apresentado um texto ilustrativo.
No princípio Deus criou os céus e a terra e, ao observar o que havia feito, disse”: - Vejam só como é bom o que fiz! E esta foi a manhã e a noite do sexto dia. No sétimo dia Deus descansou. Foi então que o seu anjo arcanjo veio e lhe perguntou: - Senhor, como sabe se o que criou é bom? Quais são os seus critérios? Em que dados baseia o seu juízo? Que resultados, mais precisamente, o Senhor estava esperando? O senhor por acaso não está envolvido demais em sua criação para fazer uma avaliação desinteressada? Deus passou o dia pensando sobre estas perguntas e à noite teve um sono bastante agitado. E assim nasceu, iluminada de glória, a avaliação.” (FREITAS, apud PATTON, 2002 p. 120)

Perguntas vexatórias, mas indispensáveis para quem pretende avaliar:
- Como é que o Senhor sabe se o que produziu é bom? Quais são os seus critérios?
Pressuposto básico da avaliação: definição dos objetivos. É preciso que os critérios sejam explicitados, claros. Caso contrário, faltarão parâmetros para a análise dos dados coletados, para o diagnóstico da realidade. Os objetivos não podem ser arbitrariamente definidos, mas sim, devem ser relevantes, essenciais para o desenvolvimento do educando, imprescindíveis para as aprendizagens futuras dele.
  • Seleção de procedimentos de avaliação – diante da grande variedade de instrumentos disponíveis para avaliar, há de selecionar os mais adequados, considerando para isso, os objetivos que se pretende avaliar:
O que avaliar?
- a apropriação de conteúdos relevantes:
São adequados?
São pertinentes, tendo em vista a missão institucional?

  • Diagnóstico – consiste na apreciação quanto à desejabilidade do resultado obtido:
- Comprovar se os resultados desejados foram alcançados.
- Verificar até que ponto as metas previstas foram atingidas.
- Identificar as dificuldades de aprendizagem, tentando compreender suas possíveis causas.

  • Tomada de decisão – a partir das análises dos resultados, visando a aperfeiçoar o processo ensino e aprendizagem:
- Função de realimentação do processo de ensino.
- Replanejamento do trabalho do professor, visando a corrigir eventuais falhas.
- Perguntas que o professor poderá fazer a si mesmo:
    1. Como poderá motivar mais seus alunos?
    2. Sua linguagem está clara, adequada aos alunos?
    3. Suas explicações estão sendo compreendidas?
    4. Os instrumentos de avaliação utilizados exigem informações memorizadas ou avalia o que o aluno é capaz de fazer com o conhecimento, com os conceitos, com as informações adquiridas?

Referência
BRASIL, Leis etc. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394/1996. Rio de Janeiro: Esplanada, 1998.
FREITAS, Luiz Carlos de (org.).  Avaliação: construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Insular, 2002. 2006.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 2.ed. São Paulo: Cortez, 1995.
PATTON, Michael Quinn. Utilization-Focused Evaluation. Thousand Oaks, CA : Sage, 1997.

Nenhum comentário:

Postar um comentário